ARARIPINA

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segunda-feira, 23 de março de 2009

CONSUMIDOR - ECONOMIZE NA PÁSCOA


Os consumidores mais atentos vão perceber que os ovos de Páscoa chegaram mais caros às prateleiras este ano. O aumento no preço do produto é de 8% em relação a 2008, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). No entanto, os clientes menos apegados a “grifes” poderão economizar até 40% se optarem por comprar ovos de Páscoa de marcas próprias.

“Existem produtos de qualidade de marca própria e não tão caros, mas só vai saber que é bom quem experimentar”, disse a recepcionista Idione Ramos, que compra o produto há dez anos e sempre procurou os que possuem preços mais acessíveis. “Tenho uma filha e quatro sobrinhos e, de centavo em centavo, dá para economizar bastante. Vale a pena”, completou.

O preconceito ainda existe, mas as grandes redes de supermercados comemoram o fato de a qualidade estar superando esta barreira. “Depois que o consumidor experimenta pela primeira vez, volta a comprar. Primeiro porque prezamos pela qualidade e segundo porque (o produto) sai, em média, 15% mais barato. Ano a ano há um incremento nas vendas e, para 2009, a estimativa é crescer 15%”, disse o diretor Comercial do Bompreço, Alain Denvenuti. Este ano, as lojas da rede venderão cinco opções de ovos de Páscoa de marca própria, com preços que variam de R$ 2 a R$ 15.

No grupo Pão de Açúcar, os preços dos ovos de Páscoa de marca própria podem chegar a custar 40% menos que os tradicionais e a expectativa é de um crescimento de 50% nos produtos exclusivos. “Mudamos a estratégia e agora não usamos mais o nome do supermercado, mas outro como uma marca exclusiva. Por exemplo, vamos comercializar ovos de Páscoa da marca Qualitá, que os consumidores já conhecem por conta dos outros produtos da grife”, ressaltou o gerente de Marcas Exclusivas do Grupo Pão de Açúcar, Eduardo Gasperini. Nas prateleiras da rede, estarão disponíveis 25 opções de ovos de Páscoa de marca própria, com preços a partir de R$ 1,59.

Já no Carrefour, a estimativa é vender 2 milhões de ovos de Páscoa de marca própria, de um total de uma tonelada a ser comercializada do produto. A expectativa da rede é crescer 14% nas vendas da categoria se comparado ao mesmo período de 2008.

Grandes redes apostam na venda de vinhos

Além dos ovos de chocolate, na Páscoa, outros produtos também ganham evidência e apresentam um crescimento nas vendas. Por conta da tradição de não comer carne ou frango nesta época, os pescados sofrem um incremento na comercialização. As grandes redes de supermercados também apostam no alto volume de vendas de vinhos e prepararam o estoque para atender o aumento na demanda.

No Bompreço, a oferta de pescados neste ano cresceu 15% em relação a 2008 e a expectativa de crescimento nas vendas varia na mesma porcentagem. No Grupo Pão de Açúcar, a estimativa é que sejam comercializadas mais de 9 mil toneladas entre peixes frescos, congelados e bacalhau. Este último produto estará 10% mais barato que no Natal do ano passado. Já o Carrefour vai oferecer 95 itens e espera crescer 10% nas vendas em relação ao ano anterior.

Em relação à seção de vinhos, o Bompreço ampliou em 20% o mix do produto e traz como novidade o chileno Panul, marca exclusiva, que sai por R$ 12,98. “Estamos com mais de 300 rótulos e a expectativa é vender 20% a mais do que em 2008”, avaliou o diretor Comercial da empresa, Alain Denvenuti.

No Grupo Pão de Açúcar, a aposta está na linha Club dês Sommelier, marca exclusiva, e a estimativa é de um incremento de 15% na comercialização do produto. “A venda na Páscoa já é o aquecimento para o inverno”, ressaltou o gerente de Marcas Exclusivas do grupo, Eduardo Gasperini. Já o Carrefour trabalha com 600 referências, entre vinhos e espumantes, e espera aumento de 10% nas vendas.

“Famosos” garantem espaço

Ainda que os ovos de Páscoa de marca própria pesem menos no bolso dos consumidores, tem quem não abra mão dos tradicionais. É o caso da artista plástica Maria do Carmo, que sempre presenteia os netos com o produto. “Eles que escolhem o que eu vou comprar e sempre pedem os de marcas mais conhecidas. Isso porque uma vez eles ganharam um ovo de Páscoa de marca própria e não gostaram e eu sempre vou dar o melhor para eles”, disse.

A Lacta terá 39 ovos de Páscoa no portfólio. Na Região Nordeste, a marca é responsável por 29% de participação em volume de vendas. Os preços dos ovos de Páscoa da Lacta variam entre R$ 11,46, para um Pascoal de 120 gramas, e R$ 47,98, para o Lacta de 800 gramas. Mas, como opção intermediária, tem o Sonho de Valsa, que teve 6,2% de participação no Nordeste, em 2008. O de 550 gramas sai por R$ 34,54.

Já a Nestlé e a Garoto chegam à Páscoa 2009 com 14 e mais de 15 lançamentos, respectivamente. As duas marcas apresentam ovos de Páscoa menores, que servem mais como lembranças, com valores mais baratos. A Nestlé oferece o de 75 gramas por R$ 3,57. O produto mais caro da marca é o Alpino de 600 gramas e tripla camada, que custa R$ 57,71. Já a Garoto tem o de 50 gramas por R$ 3,79. O mais caro é o Super Talento de um quilo, por R$ 55,22.

Geração de empregos é 20% menor

Em tempos de crise, a Páscoa é uma ótima oportunidade para quem está à procura de emprego, ainda que temporário. Para todo o Brasil, a estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) é que sejam criados 25 mil postos de trabalho, sendo 7,5 mil na produção e 17,5 mil no apoio ao comércio varejista. No Recife, apesar da expectativa da geração de 350 empregos, o número representa uma queda de 20% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da JBV Soluções em Recursos Humanos.

“Este é um reflexo da instabilidade financeira, porque as empresas estão em um momento de redução de custos”, analisou a diretora da JBV, Vanci Magalhães. No entanto, ela acrescentou que o lado positivo é que, ainda assim, o setor não deixou de empregar.

Esther Carneiro de Araújo e Elisângela Maria, que estavam desempregadas há cinco e dois meses, respectivamente, foram empregadas temporariamente para trabalhar como promotoras, durante 30 dias, para uma marca tradicional de ovos de Páscoa. “Trabalhamos oito horas por dia, atendendo bem os clientes, mostrando os brindes e a qualidade dos produtos”, explicou Esther. “Não temos expectativa de ser efetivadas, vamos trabalhar só nesta ação, mas o dinheiro compensa e muito. Vale a pena”, complementou Elisângela.

LUCIANA MOROSINI

FOLHAPE

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