SÃO PAULO – Você olha para o calendário, sabe que faltam poucos dias para 2009 chegar ao fim e faz uma dura constatação: terá que refazer seus planos para 2010, porque não conseguiu realizar nenhum deles durante o ano que passou. “No entanto, antes de fazermos novamente as promessas, é preciso entender porque elas não foram concretizadas”, explica Rita Callegari, chefe do Setor de Psicologia do Hospital São Camilo Pompeia, em São Paulo.
Muitas vezes, de acordo com a psicóloga, não atingimos nossas metas – como parar de fumar, emagrecer – porque traçamos objetivos muito audaciosos para serem alcançados em 12 meses. “Por isso surge a frustração. É preciso criar submetas para atingir a meta principal”, complementa Valéria Bessel Jorge, psicóloga do Programa de Ação Continuada de Combate ao Tabagismo do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista.
Como exemplo, Valéria menciona o caso de uma pessoa que quer perder 15 quilos. “Ela terá mais sucesso se estabelecer planos a médio prazo. Assim, quando perder o primeiro quilo, vai se sentir mais estimulada a emagrecer mais e assim por diante.”
Para obter sucesso também é preciso traçar planos possíveis. “É preciso separar os planos primordiais dos sonhos, dos planos mais audaciosos, dos que vão depender da sorte para serem concretizados ou ainda daqueles que dependem de alguém”, diz Rita. “Temos que lembrar que uma meta tem um momento de preparação, de busca do resultado e, quando ela é alcançada, manter a conquista. Dá trabalho ter felicidade”, enfatiza Rita que, para exemplificar, menciona alguém que quer parar de fumar.
“A pessoa vai ao médico, toma remédios e, depois de um tempo, entra na fase de manutenção. Mas na sequência precisa se manter firme e não voltar a fumar. É preciso fazer da meta um hábito. Muitas vezes alcançamos determinado objetivo nos primeiros meses do ano e depois relaxamos”, avisa a especialista
Para impedir que, ao arrancar a última folhinha do calendário você se sinta frustrado, Valéria ensina que é preciso valorizar mais o que deu certo do que as coisas que deram errado. “O indivíduo não deve parar de buscar prazer. Ele precisa olhar para trás, ver o que valeu à pena e pensar o que pode modificar para atingir suas metas da próxima vez.”
De acordo com Valéria, é preciso encarar o ano novo como uma renovação de forças. “Não podemos usar o tempo para nos depreciar, nos deter tanto aos fracassos. Precisamos olhar para trás e valorizar nossos ganhos, por menores que sejam. É preciso ser persistente”, enfatiza. “Se a pessoa acha que algo que quer não vai dar certo, ela já começa o ano fracassada. Não se pode boicotar os próprios planos”, finaliza Rita.
Adriana Bifulco
Agência Estado
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