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PMA

segunda-feira, 11 de abril de 2011

MASSACRE NO RIO - PAIVA NETTO


Estamos todos consternados com o cruel assassinato de 12 crianças (10 meninas e 2 meninos, com idades entre 12 e 15 anos), da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro/RJ, na quinta-feira, 7/4. Outras foram feridas, algumas gravemente. (Até o fechamento desta coluna, nenhuma morte mais ocorrera entre os jovenzinhos hospitalizados.) O causador dessa tragédia, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, que, segundo a Polícia Militar, era ex-aluno, suicidou-se após o atentado.

A presidenta Dilma Rousseff declarou que “esse é um país que sempre teve uma relação de grande carinho cultural pelas crianças. É inadmissível violência em geral, mas a violência contra as crianças coloca todos nós em sensação de grande repúdio”. O ministro da Educação, Fernando Haddad, classificou esse ato premeditado e brutal como uma tragédia sem precedentes no Brasil. Haddad pôs o Ministério da Educação, os institutos e universidades a ele vinculados, à disposição da Prefeitura do Rio de Janeiro, para auxiliar no que for necessário. O massacre teria sido pior se não fosse a coragem do sargento PM Márcio Alves, considerado herói pelo governador Sérgio Cabral, ao impedir que o assassino continuasse a atirar. As crianças e os jovens merecem total proteção. A escola é um segundo lar para eles, espaço que deveria ser visto como sagrado, onde o bullying e outros problemas não mais poderiam existir.

A minha solidariedade aos familiares das vítimas e aos feridos nesse lamentável drama. Um episódio que requer também apoio psicológico aos estudantes, professores e funcionários dessa unidade de ensino. As escolas, em geral, igualmente precisarão de maior preparo para prevenir eventos como esse.

Garantia urgente

Diante do ocorrido, muitas questões serão revisitadas e levantadas acerca da barbárie que segue crescendo. Porém, as análises serão realmente funcionais, isto é, auxiliarão melhor os poderes constituídos e a sociedade civil, se observarmos pela perspectiva de que a violência está fugindo ao nosso controle. Na atualidade, se faz mais presente em atos preconceituosos contra minorias, contra gays, negros, mulheres, no esporte, nas religiões, no trânsito, no seio familiar; enfim, no íntimo de cada criatura. Já não são mais atos isolados.

Em “Somos todos Profetas”, publicado pela Editora Elevação (1999), eu já comentava que atrocidades poderiam vir a ser uma constante em nossas vidas. Basta abrir os jornais, as revistas, ver televisão, ouvir rádio, sair às ruas. É o reino da brutalidade a que estamos assistindo a todo momento, em que ninguém tem mais garantia. Tantos se cercam de grades fortes, mas os assaltos prosseguem, os assassinatos multiplicam-se. Tudo continua incerto. Por quê?! Porque não adiantam altos muros pretensamente intransponíveis para nos proteger da terrível coação que vem de fora, visto que o perigo pode encontrar-se dentro de nossas paredes, porquanto está havendo uma implosão dos lares com a desagregação da família, que, com urgência, precisa de amparo espiritual. Agora, como nunca, é flagrante a veracidade desta afirmativa de Alziro Zarur (1914-1979), sobre a qual devemos constantemente refletir: “Não há segurança fora de Deus”.

Suplantar a dor

Aos que porventura acreditem que não seja possível modificar esse status quo, peço que não duvidem de nossa capacidade, como Seres Humanos e Espirituais, de superar o mal, tido hoje por alguns como invencível. Temos muito mais aptidão para sobrepujar problemas, por maiores que os julguemos. Diante disso, se as dificuldades são imensas, superiores serão os nossos talentos para suplantá-las. Se é árduo erigirmos a verdadeira Sociedade Solidária Altruística Ecumênica, então comecemos ontem!

Mudar os hábitos

Por ocasião do 8o Fórum Internacional dos Soldadinhos de Deus, com o tema “Boa Vontade para mudar os hábitos”, que as crianças da LBV realizaram em 26/3, recordei-me de uma palavra muito inspirada do Espírito Dr. Bezerra de Menezes (1831-1900), constante de “Reflexões sobre Jesus e Suas Leis” (Editora Elevação), na psicografia do sensitivo Legionário Chico Periotto. É oportuna para meditação de todos nós:

“— Nas fases de profundo sofrimento em que o Espírito suplica ao Redentor piedade e sustentação, fontes invisíveis derramam a água torrencial do Amor de Deus sobre nossa existência terrestre. Contudo, a incomensurável força que nos reporta do Santíssimo solicita nossa renovação. Mudar para melhor os hábitos, os pensamentos e as ações. O Amor vencerá sempre. E, por isso, a dor será motivada a desaparecer de nosso ainda atribulado caminho”.

José de Paiva Netto é jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

Um comentário:

Anônimo disse...

O que podemos perceber nesse trágico acontecimento é a constatação de que quando a família se destitui de sua função educativa, a sociedade sofre com o comportamento de indivíduos cruéis,indiferentes que são incapazes de ter tolerância, respeito, fé e perdão.

Trabalho em uma escola municipal,onde convivo com crianças entre 10 a 12 anos e afirmo com tristeza, que boa parte dos nossos jovens apresentam comportamentos violentos e como também a prática do burling. Quando procuramos as famílias para resolvermos essas questões,nos vemos sozinhos, pois maioria são as motivadoras desses comportamentos hostis de nossos alunos.
Enquanto não surgirem políticas de reestruturação familiar, enquanto as famílias não se voltarem para a formação da consciência moral de seus filhos esses problemas continuarão a existir e tomarão proporções incontroláveis, como neste caso da escola de Realengo.