CARNAVAL 2011 - VOU NÃO, QUERO NÃO, POSSO NÃO JÁ PEGOU NOS QUATRO CANTOS DO BRASIL

Dos famigerados paredões de som aos forrós, passando pelos coletivos e sites de vídeos na internet, os hits “Vou não, quero não, posso não” e a resposta “Vou sim, quero sim, posso sim”, ambas do compositor pernambucano Reginaldo Alves da Silva, estão por toda parte

Os moradores do Centro de Fortaleza, habituados a antecipar o que há de mais moderno no quesito música que irá impregnar, digo, pegar, no Carnaval deste ano, já podem fazer suas apostas.

A contar pelo movimento que circula entre os camelôs de CDs, que comprovam, das sete da manhã às sete da noite, a potência de suas pequenas caixas de som, devidamente adaptadas em bicicletas e/ou carros de mão, o sucesso de “Vou não, quero não, posso não”, com seu refrão grudento, está garantido.

Ouviu ainda não? Conhece não? Aguarde, será inevitável. Mais cedo ou mais tarde você vai escutar essa ode à submissão. Mas, como se não bastasse a eficácia dos vendedores ambulantes na difusão do hit, diversas performances veiculadas pelo Youtube, estão fazendo muita gente dar risada. São cenas bizarras de improviso explícito.

O videoclipe “original”, gravado por amigos do compositor da música, Reginaldo Alves da Silva, de 40 anos, há 26 conhecido na cena musical de Abreu Lima, localidade dos arredores de Recife (PE) como “Reginho dos Teclados”, é, digamos, estranha.

“Sou o autor e o arranjador dessa música que começou com uma brincadeira”, disse Reginho, em entrevista por telefone. “Eu estava no bar Cabeça de Galo da Marly, onde eu cantava há 11 anos, cheguei lá, era jogo do Brasil, o bar ´tava vazio. Comecei a cantarolar…

Eu perguntava e eu mesmo respondia. Depois, o DJ Sandro colocou na coletânea dele, os meninos colocaram o clipe na internet, aí pronto. O lado bom é que, antigamente era teclado nas costas, e agora o sossego acabou, é incrível o que está acontecendo.

Há 15 dias fui ao Gugu, semana passada estive em Fortaleza gravando o clipe da música com a Banda Aviões do Forró, em fevereiro vou ao Faustão, tem muita coisa acontecendo. Graças a Deus!”, diz, com simplicidade. E completa: “Por outro lado, por um momento, achei que tinha perdido o controle de minha obra. Agora tenho um empresário que me ajuda”.

Na interpretação citada pelo autor, dois amigos estão na praia, procurando outros dois, que são convidados para a farra. “Ei! Tu quer beber?/Não quero, não/ Não quer por quê? Por nada não/ Tu quer fumar?/Ãh, ãh/Não quer por quê?”. Daí vem o refrão que a mulherada está se esbaldando: “Vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não”.

De repente, na tela do computador, os quatro integrantes do grupo, identificados na ficha técnica como: Dezandados 1 e 2 (escrito assim mesmo, com ´z´) e Dominados 1 e 2, reaparecem simulando algo como uma dança ritualística, que consiste em movimentar corpo e braços, para frente e para trás. De tão peculiar, a performance é inverossímil.

“Ei, no meu fusquinha? Vamos sair, vamos pra central, DJ Sandro toca lá/E aí? Lá em Marly, tem ´Cabeça de Galo´, venha! (…) Ei! Tem duas nega!/E aí? Vamos arrastar?/Puxando a tua a gente bota o bicho lá/Quem és tu?/És boiolão?/Tu vai, ou não?/Vou não, quero não, posso não/Minha mulher não deixa não, não vou não, quero não”.

Espera aí, acabou não – “Vou sim, quero sim, posso sim, minha mulher não manda em mim(…)”. A despeito do final triste do roteiro gravado pelos amigos pernambucanos, onde dois vão embora desolados, sem êxito na empreitada de reconduzir os parceiros à esbórnia, há pouco mais de um mês, Reginho dos Teclados compôs uma versão de contraponto.

E seguindo a mesma lógica, a coreografia elaborada do quarteto de cantores, conta com a encenação mimética da retirada de uma coleira, ou algo que o valha, do pescoço dos intérpretes. É isso. Enquanto essas duas beldades não arrefecem, a saída é preparar a mente e o corpo para a saturação duelística musical que, ao que parece, está só começando.

E que venha o Carnaval!

NATERCIA ROCHA
Diário do Nordeste