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sábado, 26 de setembro de 2020

SETEMBRO AMARELO - PERNAMBUCO REGISTRA QUEDA NO NÚMERO DE TENTATIVAS DE SUICÍDIO


De janeiro a agosto deste ano, Pernambuco registrou 1.549 tentativas de suicídio. No mesmo período de 2019, foram 1.785 tentativas registradas no estado. Apesar da queda de um ano para o outro, os números revelam que as ocorrências, de notificação compulsória, continuam em patamares preocupantes. Neste Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) realizou programação de webpalestras voltadas para a conscientização sobre o tema.
O objetivo é sensibilizar a sociedade de que o assunto deve ser tratado durante o ano inteiro. Todos os debates estão disponíveis no Youtube do Núcleo de Telessaúde. Ao longo das últimas semanas, as equipes abordaram desde assuntos técnicos para os profissionais envolvidos, como as estratégias de prevenção e cuidados no território; a atuação da enfermagem na prevenção ao suicídio; o trabalho no estado na notificação e vigilância das violências auto e heteroprovocadas; assim discutiram temas gerais para incentivar a sociedade a se informar sobre o assunto.

"O Setembro Amarelo deve virar um hábito cultural em nossa sociedade, algo para ser discutido e debatido não apenas durante 30 dias, mas de janeiro a dezembro. Por isso, nossa programação foi baseada em três perspectivas: palestras informativas para toda a população, já que para prevenir algo, é preciso conhecer o problema; a qualificação dos profissionais envolvidos nesse contexto; e apresentação dos dados estaduais, com os principais indicadores analisados pela equipe de Vigilância em Saúde", afirma o médico psiquiatra Carlos Gustavo Arribas, da equipe da Gasam.

Para nortear os profissionais sobre a qualidade do atendimento à vítima, a Secretaria recomenda o cumprimento de três passos essenciais: acolhimento, notificação e encaminhamento. "Buscamos orientar os profissionais de saúde sobre os principais passos a serem tomados diante de uma tentativa de suicídio: acolher a pessoa, notificar a ocorrência aos órgãos de controle e encaminhar o paciente para serviços intersetoriais na rede, ou seja, não apenas para equipamentos da saúde, mas também de outras áreas essenciais, como educação, cultura e assistência. Entendemos que, ao seguir essas três etapas, o profissional age no fortalecimento da rede de atenção à saúde", pontua Arribas. Para se ter uma ideia, das 1.549 notificações registradas nos primeiros oito meses deste ano, 30,1% das vítimas havia cometido uma tentativa anterior.

O médico ressalta, ainda, que a campanha do Setembro Amarelo também reforça a relação entre as violências autoprovocadas (por si mesmo) e heteroprovocadas (por outra pessoa). "É importante ressaltar que o Setembro Amarelo não é um mês de combate apenas ao suicídio, mas também de combate às violências, tanto as autoprovocadas como as heteroprovocadas. São dois tipos de violência que se interrelacionam e podem gerar o suicídio de fato. Diante desse contexto, o profissional precisa estar atento para as especificidades de cada caso, acolhendo a pessoa, notificando a Vigilância em Saúde e encaminhando para os atendimentos dentro da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) do território", diz. 

Como ajudar

Para ajudar uma pessoa que convive com algum transtorno mental ou está em sofrimento psíquico, o especialista ressalta que o essencial é ter uma postura acolhedora. “A primeira iniciativa essencial é se colocar ao lado dessa pessoa para ouvi-la, sem julgamento ou críticas, desabafar sobre o seu sofrimento. Outro ponto importante é procurar dados fidedignos sobre o assunto, pois existem muitos mitos relacionados à saúde mental, para saber quais são os sinais de alerta relacionados às doenças mentais. E, ao perceber que a pessoa precisa de um atendimento especializado, se dispor a acompanhá-la ao serviço de saúde quando ela sentir necessidade e monitorá-la durante o tratamento”, destaca o psiquiatra Gustavo Arribas.

Mortes

Em 2014, Pernambuco registrou 340 óbitos por suicídio, o que equivale a uma taxa de mortalidade pela ocorrência de 3,7 pessoas para cada 100 mil habitantes. Em 2015, foram 319 mortes por suicídio, com taxa de mortalidade de 3,4%. Já em 2016, o quantitativo foi de 405 óbitos por suicídio no Estado (4,3% de mortalidade). Em 2017, foram 440 óbitos (taxa de mortalidade de 4,6%). No ano de 2018, atualização anual mais recente, Pernambuco registrou 445 óbitos por suicídio, com taxa de mortalidade de 4,7% para cada 100 mil habitantes – taxa inferior à nacional, de 6,1%, e à taxa global, de 10,5%.

Acolhimento

A Secretaria Estadual de Saúde implementou, em abril, o Acolhe SES, programa que tem como objetivo oferecer suporte psicossocial e orientações sobre a rede de serviços de saúde aos profissionais que vivem o estresse diário na linha de frente do combate à Covid-19, assim como para seus familiares. O serviço é feito pelo 0800-081-4100, de segunda a sábado, das 7h às 19h.

A central conta com uma equipe multiprofissional formada por psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, sanitaristas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, residentes em Saúde Mental e Saúde da Família e profissionais que trabalham com Terapias Integrativas. Além da escuta qualificada e apoio psicossocial, serão feitas orientações sobre a rede de serviços de saúde e disponibilizados vídeos sobre as Práticas Integrativas e de promoção à saúde.

Já para a população em geral, a SES passou a oferecer, em julho, o serviço de teleacolhimento para todos os usuários que acessam o Atende em Casa, ferramenta criada pelo Governo de Pernambuco em parceria com a Prefeitura do Recife para orientação sobre a Covid-19 e agendamento de testagem para a doença. Com isso, os usuários que se cadastram no aplicativo têm a opção de receber apoio emocional de equipe de psicólogos capacitados para as demandas.

Ao acessar a plataforma, o usuário é questionado se está precisando de apoio emocional. Se optar pelo suporte, a ferramenta conduz o internauta para atendimento virtual com psicólogo da equipe da SES-PE, que faz uma primeira escuta qualificada para identificar se o paciente precisa apenas daquele teleacolhimento pontual ou se será necessário encaminhá-lo para outros tipos de atendimento ou serviços de referência de acordo com a necessidade.

Durante o teleacolhimento, os profissionais buscam identificar as principais situações enfrentadas pela sociedade durante a pandemia da Covid-19: angústia, medo, ansiedade, violência, problemas financeiros, luto e automedicação. Os especialistas podem encaminhar o usuário para a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) do Estado; para a rede de proteção a pessoas vítima de violência; ou para equipe de referência diária - para aqueles usuários que necessitem de continuidade do atendimento por psicólogo ou psiquiatra da rede de retaguarda.

Fonte - Diário de Pernambuco

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