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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

PESQUISA - AQUECIMENTO PROVOCOU EXTINÇÃO NA TERRA

WASHINGTON, EUA - Um surto de efeito estufa há 250 milhões de anos foi uma das principais causas do evento de extinção mais catastrófico da história do planeta, sugere um novo estudo.

Analisando o peso atômico do oxigênio contido em fósseis da época, cientistas calcularam que a temperatura média anual de águas equatoriais chegou a um pico de 40ºC, tornando a vida impraticável na maior parte das áreas tropicais.

O trabalho, publicado na última edição da revista Science, traz pela primeira vez evidências de que o calor contribuiu diretamente para a extinção -em vez de ter sido um coadjuvante de outros fatores, como a falta de oxigênio ou a deterioração da camada de ozônio.

Todos esses problemas geológicos estão ligados a um período intenso de atividade vulcânica na Sibéria. Em um primeiro momento, a poeira de vulcões faz a Terra resfriar. Mas, no longo prazo, o gás carbônico das erupções faz o planeta se aquecer.

É o que foi verificado na transição do período Permiano para o Triássico, estudada pelos pesquisadores, quando o planeta perdeu cerca de 90% de suas espécies.

Quando se olha para a extinção em si, ela está ligada a atividades vulcânicas. Mas, depois do início da extinção, o aquecimento começou a dominar a tendência, diz Paul Wignall, da Universidade de Leeds (Reino Unido), um dos autores do trabalho.

A temperatura terrestre pode ter chegado a 60ºC em algumas regiões. Segundo o estudo, de 252 milhões a 247 milhões de anos antes do presente, não havia quase nenhum vertebrado terrestre numa faixa de latitude que vai do Uruguai aos EUA.

A seleção natural acabou favorecendo animais menores, mais adaptados às temperaturas altas. Segundo o pesquisador, todas essas são coisas que devem ocorrer com o aquecimento global atual, em grau menor. Estamos mostrando o quanto um aquecimento global pode ser ruim, diz Wignall.

Mas não acho que veremos algo assim em nosso futuro próximo; certamente não nos próximos cem anos. As temperaturas do fim do Permiano subiram em algumas poucas centenas de milhares de anos, o que é rápido em termos geológicos. O que vemos acontecer hoje equivale a uma subida de temperatura instantânea.

Por Rafael Garcia (Folhapress). Foto da Science, a partir de imagem, feita com microscópio eletrônico, de conodonte, animal marinho parecido com enguia, usado na resconstituição.

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