Na manhã da sexta-feira (31), membros do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) se reuniram na Praia de Boa Viagem para protestar por melhores condições de trabalho. Com cartazes e sob o grito de guerra “Se não valorizar, a polícia vai parar”, os manifestantes exigem, entre outros apelos, por um reajuste salarial.
Com cruzes de madeira fincadas na areia da praia, simbolizando os 3.223 homicídios ocorridos em Pernambuco no ano de 2021. De acordo com o vice-presidente Marsal Sobreira, estes números são resultado dos baixos investimentos em segurança pública. “Nos últimos cinco anos as investigações de mais de dez mil homicídios estão paradas. As investigações feitas atualmente dizem respeito aos últimos dois anos, por falta de suporte e condições de trabalho à polícia civil, que é investigativa”.
Segundo Marsal, os salários de policiais civis são desiguais em comparação a outros agentes da lei, como delegados, embora desempenhem papéis semelhantes. “Nosso grande entrave com o governo é a questão salarial. Queremos dialogar, não somos radicais, mas o governo tem postergado as reuniões para essas discussões. A diferença salarial entre policiais civis e delegados é abissal. Em Pernambuco é a 26° do país. Para ter-se noção, após um período probatório de três anos, um delegado ganha cinco vezes mais que um policial civil”.
Outro ponto trazido foi a condição das delegacias. Segundo o Diretor Financeiro do Sinpol, Tiago Batista, muitos espaços na Região Metropolitana do Recife funcionam com falhas estruturais. Já fora da RMR, a situação é ainda pior. “As delegacias estão caindo aos pedaços. Muitas foram desocupadas por falta de pagamento do aluguel e algumas não possuem nem ao menos internet. A delegacia de Abreu e Lima, por exemplo, funciona de maneira improvisada numa antiga padaria. É uma cidade com população de 100 mil habitantes e conta com apenas 14 servidores”.
No que diz respeito ao cuidado com a saúde mental dos policiais, não existem medidas eficientes segundo Tiago. Segundo ele, essa carência acaba gerando grandes consequências. “O salário é baixo e a cobrança é muito grande. Mais de 200 policiais se afastaram por problemas psicológicos só neste ano. O suporte para nossa saúde mental não existe. É um psicólogo para atender seis mil policiais em Recife, que muitas vezes só buscam ajuda quando o caso é muito grave”.
A Secretaria de Defesa Social (SDS) explicou ao Diario que as "negociações com a categoria estão em curso e, neste momento, a PCPE e as demais forças de segurança estão empenhadas em proporcionar festas de final de ano e começo de 2022 com paz e tranquilidade para os pernambucanos, do Litoral ao Sertão".
Além da ação em Boa Viagem, o Sinpol continuará com protestos no estado em janeiro, com ações em Caruaru, Petrolina e Porto de Galinhas, nos dias 5, 12 e 19, respectivamente.
Fonte - Diário de Pernambuco
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