Dom Bosco sonhou com uma terra de riquezas e prosperidade, próxima a um lago. O padre acertou. Muitos anos depois, nasceu Brasília, a capital da esperança.
Consolidada pelo então presidente da República, Juscelino Kubitschek, a capital do país foi deslocada para o interior. Lucio Costa foi o grande responsável pelo plano urbanístico da cidade, e o arquiteto Oscar Niemeyer projetou os principais prédios públicos da nova capital.
Apesar de jovem, Brasília já se depara com graves problemas. Entre eles estão a concentração de renda e poder, e a segregação espacial e social, o que evidencia as desigualdades sociais.
O pesquisador Sérgio Jatobá, arquiteto e urbanista formado pela Universidade de Brasília (UnB), e doutor em desenvolvimento sustentável pela mesma universidade, afirma:
– Hoje a capital é o retrato do país, só que mais exacerbado em alguns aspectos. A ocupação urbana no Distrito Federal chega a 90 mil hectares. Além disso, em apenas 25 anos a capital transformou-se em uma metrópole nacional.
Mas como Brasília comemora quarta-feira, 50 anos, vale a pena evidenciar as qualidades da cidade. A população da capital é composta por pessoas de cada pedaço do Brasil. Durante a construção, vários trabalhadores deixaram suas cidades para realizar o sonho de JK, e acabaram conhecidos como candangos. Misturas de culturas, sotaques e sabores compõem até hoje a capital federal.
Arquitetura
Brasília é conhecida por sua arquitetura, clima (não que seja bom) e pelo céu (esse sim, se destaca com unanimidade).
De acordo com a arquiteta e urbanista Juanita Noronha Maia, Brasília é uma cidade “de se orgulhar”.
– Planejada por Lúcio Costa, Brasília é uma cidade única. Não encontraremos em outro lugar a pureza plástica da arquitetura inusitada de Oscar Niemeyer, com a elegância formal e despojada dos Palácios, Catedral, Esplanada dos Ministérios e Praça dos Três Poderes. – destaca.
Para o próprio arquiteto, Brasília é uma cidade cheia de contrastes, mas grandiosa, capaz de encher de orgulho os brasilienses.
– Uma metrópole que cresce num ritmo difícil de frear, como tantas cidades de nosso país, mas que deve ser lembrada como o resultado do esforço conjugado de muita gente, urbanistas, arquitetos, operários, políticos, enfim, de pessoas cheias de entusiasmo em verem construída a nova capital de um país da importância do Brasil – diz Niemeyer.
Para comemorar e tentar esquecer os últimos episódios políticos na cidade, o governo do Distrito Federal organizou uma grande festa para os brasilienses, candangos e todos que estiverem dispostos a comemorar com Brasília seus 50 anos.
Durante 2009, surgiram várias especulações a respeito dos artistas que seriam convidados para o evento. Depois do escândalo envolvendo o ex-governador do DF, José Roberto Arruda, a festa perdeu um pouco o glamour, e o orçamento.
– Depois de todos os acontecimentos, conseguimos manter o que sempre foi tradicional na cidade – destaca João Oliveira, presidente da Empresa Brasiliense de Turismo (Brasiliatur).
Alternativas
Oliveira informa ainda que, com toda a problemática que assolou Brasília nos últimos meses, o governo encontrou alternativas para realização da festa dos 50 anos:
– Buscamos uma festa voltada para a cidadania e preferimos trazer artistas da capital para o evento.
Nomes como Raimundos, Paralamas do Sucesso, Plebe Rude, Zélia Duncan, Nando Reis e Daniela Mercury farão a festa na cidade.
As atividades começam às 7h e têm previsão de término às 2h30 do dia 22. Foram gastos cerca de R$ 5 milhões com a festa e a expectativa da polícia é que 1,2 milhão de pessoas passem pela Esplanada dos Ministérios.
Outra atração de destaque nas comemorações do aniversário da capital é a Parada Disney. A direção artística é supervisionada pela equipe da Disney, mantendo a fidelidade, a riqueza dos detalhes e o padrão consagrado mundialmente.
Renata Meliga - Jornal do Brasil
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