PRESIDENTE - BAIXA RENDA NÃO SENTIRÁ EFEITOS DA CRISE, DIZ LULA

A crise econômica não afetará os mais pobres e a disponibilidade do crédito para as pequenas e médias empresas deve ficar “mais ou menos” estabelecida em janeiro. Essas são as promessas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva feitas, ontem, durante seu discurso de inauguração do Parque Dona Lindu, em Boa Viagem. Para que isso aconteça, o presidente informou que está disponibilizando dinheiro das reservas governamentais para grandes empresas. Uma delas é a Petrobras, que está tirando financiamentos em bancos nacionais devido à crise internacional, como a Caixa Econômica, para não disputar com as menores. Apesar de insistir no discurso de que a crise será uma oportunidade, o presidente assumiu que a economia brasileira teve problemas sérios, pois 30% do crédito no País são de empresários tomando dólar emprestado no mercado internacional. Como esse dinheiro ficou mais escasso, as grandes empresas começaram a captar dinheiro nacional, competindo com as que precisam desse recurso. “Vocês viram notícias de que a Petrobras estava pegando dinheiro na Caixa, disputando com o pequeno e médio empresário. Não queremos que isso aconteça”, contou Lula. Além da normalização do crédito, o presidente prometeu reduzir o spread bancário, que está alto. “Na hora que falta dinheiro, aproveitam para aumentar o spread. Vamos reduzir isso e fazer essa economia funcionar”, disse. Os possíveis problemas com as exportações brasileiras também foram comentados pelo presidente. Mesmo com os Estados Unidos e a Europa representando menos de 16% das exportações nacionais, Lula assumiu futuros problemas, caso os países envolvidos não melhorem financeiramente. “Estou torcendo para a Europa resolver o seu problema e Barack Obama (presidente eleito dos Estados Unidos) tomar a posse logo e resolver o problema”, completou. Lula acredita que o Brasil tem vantagens com relação às exportações, como o fortalecimento do mercado interno. “Não vamos travar a economia por conta da crise”, comentou. O presidente ainda criticou a crise econômica, culpando os Estados Unidos pela atual situação. Ele ainda disse que não assume a responsabilidade, pois a culpa não é do Brasil e muito menos de qualquer outro país da América Latina. “É culpa dos países ricos, a começar pelos Estados Unidos da América do Norte. Lá, está 69% dessa crise.” Assim como terminou 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve iniciar suas visitas aos estados brasileiros em Pernambuco. A idéia dele é visitar, em janeiro, as obras da Ferrovia Transnordestina e da Transposição do Rio São Francisco, no Interior pernambucano. Os dois projetos estão entre os principais que encabeçam as promessas do governo Lula. Ambos estão incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), somando mais de R$ 10 bilhões, porém enfrentam problemas burocráticos para saírem do papel com mais agilidade. “O nosso Nordeste vai mudar muito no mês de janeiro. Vamos visitar a Transnordestina e a obra mais importante, que é o canal do São Francisco (transposição)”, disse Lula, garantindo que os dois projetos sairão do papel. A ferrovia, avaliada em R$ 5,421 bilhões, ainda está concentrada no trecho Missão Velha (CE)-Salgueiro (PE), de um total de 1.860 quilômetros ligando os portos de Suape (PE) e Pecém (CE) com o cerrado do Piauí. A expectativa é de que o presidente assine a ordem de serviço do trecho pernambucano Salgueiro-Trindade em janeiro, assim como os recursos financeiros sejam liberados para dar celeridade às obras. Já a Transposição, avaliada em R$ 5 bilhões, está um pouco mais acelerada com as atividades do Exército e de empresas privadas. Além de questões ambientais, a obra vem passando por impasses burocráticos, como a desistência da Camargo Corrêa, em novembro, por um dos lotes a ser construído.