A força econômica do Bolsa Família é inegável. O programa é considerado por muitos especialistas o mais importante da história recente do País. Alguns aspectos, no entanto, são passíveis de duras críticas. “O Estado ainda é incapaz de chegar aos cerca de 16 milhões de pessoas que vivem na extrema pobreza e não têm apoio. Basta andar pelas ruas do Recife para ver de perto”, defende a economista da Ceplan Consultoria Tânia Bacelar.
O presidente da consultoria Datamétrica, Alexandre Rands, também lamenta os casos de corrupção e falta de fiscalização que envolvem o Bolsa Família e a encruzilhada do incentivo à informalidade. Apesar de acreditar que o aspecto positivo compensa, ele avalia que o programa “não gera na população a iniciativa própria de melhora”. Rands acredita que reduzir substancialmente os encargos sociais sobre os salários menores e conceder algum tipo de bonificação para empresas que empregam beneficiários poderia ser um forte estímulo à formalização.
“É importante pensar para onde estamos indo”, diz o economista Gustavo Maia Gomes. “Uma solução muito mais adequada teria sido aquela que decorresse de um crescimento econômico que assimilasse essas pessoas na produção”, lembrando que nem todas as atividades são de alta sofisticação. Uma das propostas dele é atrelar o benefício a uma capacitação que case com o potencial local dos municípios e dê apoio aos mais pobres, criando-se frentes permanentes de trabalho, e não somente de transferência de renda. “A finalidade das pessoas não deveria ser ganhar apenas R$ 70 por mês, mas ter um horizonte aberto”.
A ideia poderia abrir caminhos para Cláudia Maria da Silva, de 19 anos, que, com três filhos, não consegue arrumar emprego porque nunca se capacitou e agora não tem com quem deixar as crianças. Hoje ela vive com R$ 212 do governo. Quando os filhos estiverem mais velhos e (tomara) na escola, o desejo dela é que essa porta se abra.
Do JC OnLine
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