Primeiro presidenciável que lançará oficialmente a candidatura ao Planalto, amanhã, na convenção do PDT, o ex-governador Ciro Gomes enfrenta dificuldades em consolidar apoio à sua chapa. O partido dele ainda não fechou alianças nacionais e compôs escassos acordos estaduais.
Com esse panorama, Ciro corre o risco de repetir 2018 e ter de contar com uma chapa puro-sangue. Para tentar evitar a repetição de cenário, a legenda não deve anunciar o vice na convenção partidária, nesta quarta, em Brasília. A estratégia é segurar a decisão até o último dia da janela das convenções, 5 de agosto, com o objetivo de buscar outras legendas até lá.
Mesmo sendo o mais forte candidato da terceira via, ocupando, consistentemente, o terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto — atrás do líder, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do segundo colocado, Jair Bolsonaro (PL) —, Ciro não conseguiu articular um rol de alianças nacionais ao redor de seu nome. Com a queda gradual das candidaturas alternativas à polarização, principalmente do ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) e do ex-governador João Doria (PSDB), as uniões nesse sentido gravitaram para o MDB da pré-candidata Simone Tebet.
A esta altura da corrida eleitoral, os grandes partidos já estão com posição definida: ou têm nome próprio ao Planalto, caso do União Brasil, com Luciano Bivar; ou compõem alianças, como o PSDB; ou deixam claro que os acordos serão negociados apenas no âmbito estadual, a exemplo do PSD. Portanto, resta ao PDT buscar siglas menores ou que venham a desistir de suas candidaturas.
Caso haja uma chapa puro-sangue, duas mulheres do partido são cotadas: a senadora Leila Barros (DF) e a ex-reitora da Universidade de São Paulo (USP) Suely Vilela. Leila, porém, já anunciou que concorrerá ao governo do Distrito Federal. Ontem, nas redes sociais, ela lançou um financiamento coletivo para sua candidatura. "Se você quer ver o DF vencer, estamos no mesmo time! E como um time, precisamos estar juntos para vencermos esse jogo", postou a parlamentar.
Um dos motivos para a falta de uma aliança ampla é o próprio posicionamento de Ciro. Em entrevista ao jornal SBT News em 6 de julho, o ex-governador afirmou que a situação "é um problema, certamente, mas é um problema que é uma opção minha". "(...) Eu não quero ser candidato para repetir o modelo econômico nem o modelo de governança política", acrescentou, na ocasião.
Ciro disse também na entrevista que alguns partidos ainda estudam apoiá-lo. "Eles querem ver até a última hora qual é a condição de viabilização da minha candidatura, o que eu considero normal. Mas eu estou pronto para disputar, se necessário, apenas com as forças do meu partido", enfatizou.
A convenção nacional do PDT prevê a formação de alianças como um dos tópicos de discussão. O encontro ocorrerá a partir das 15h, na sede do partido, na capital federal, com participação presencial e remota.
Alianças locais
Já no âmbito estadual, o PDT tem apenas três pré-candidaturas competitivas ao cargo de governador: no Ceará, no Rio de Janeiro e no Maranhão. No reduto de Ciro Gomes, o nome do partido à cadeira só foi definido ontem, a menos de uma semana da convenção local. O ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio foi escolhido durante votação na sede cearense da legenda, com a presença do presidente da sigla, Carlos Lupi, e de dirigentes locais. Ciro não compareceu.
A indefinição foi causada pela aliança local entre PDT e PT, que já dura 16 anos. As duas legendas acordaram que a chapa seria encabeçada pelos pedetistas, mas havia discordância sobre qual nome seria indicado.
Uma ala do PDT próxima a Ciro defendia o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. Por outro lado, o PT defendia a reeleição da atual governadora, Izolda Cela, e ameaçava romper a aliança de 16 anos, caso Cláudio fosse o escolhido.
Por Victor Correia - Correio Braziliense
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