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domingo, 25 de novembro de 2018

NOVOS PLANOS - CELULAR DE CARTÃO CAI EM DESUSO

Autônomo, Valmir Bezerra tinha chips de três operadoras diferentes para poder falar com todos seus clientes sem pagar tarifas absurdas pelas ligações. Hoje, porém, não precisa mais disso. Conseguiu um plano de ligações ilimitadas para qualquer operadora que ainda oferece uma franquia de internet suficiente para o mês inteiro. Por isso, concentrou todas suas operações telefônicas em um único celular. E ele não é o único. 

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O motorista Joab Lima fez o mesmo, mas porque queria mais internet e a garantia de que a franquia de dados não ia expirar no meio do dia. E outros milhares de brasileiros seguiram esse caminho, trocando os celulares de cartão por uma única linha “de conta” que garante ligações e, sobretudo, internet para todo o mês. Por isso, a base pós-paga cresceu 13,6%, enquanto a pré-paga caiu 11,49%, nos últimos doze meses no Brasil - movimento que, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), fez os celulares de conta ganharem espaço no mercado nacional: hoje, o pós-pago já representa 41% de todos os celulares do País. 

“Como as chamadas entre operadoras diferentes eram caras, as pessoas tinham vários planos pré-pagos para manter o controle das contas. Mas a regulamentação mudou, barateando as ligações a ponto de vários planos oferecem ligações ilimitadas hoje em dia. Por isso, houve um empacotamento das chamadas nesses planos”, explicou o gerente de universalização e ampliação do acesso da Anatel, Eduardo Jacomassi, destacando que esse movimento ganhou ainda mais força nos últimos meses por conta do maior uso de internet móvel pela população. “Como as pessoas querem cada vez mais ter um pacote de dados no celular e os melhores planos estão nos pós-pagos, elas passaram a contratar planos de celular”, explicou Jacomassi. 

“O smartphone passou a ser a primeira fonte de acesso à internet de muitos brasileiros. E já é possível até fazer ligações de vozpor meio de aplicativos. Por isso, o foco é estar conectado, o que fez a procura pelos planos que têm pacote de dados acelerar”, acrescentou o diretor regional de vendas da Tim, Daniel Almeida, contando que este movimento fez a operadora ganhar 2,9 milhões de novos consumidores pós-pagos só nos últimos doze meses. “A alta é de 18%”, revelou o diretor, contando que os planos controle são os mais procurados por esses novos clientes pós-pagos, já que, além das ligações ilimitadas e da franquia de internet, oferecem um valor fixo mensal.

“O controle é o primeiro passo, porque o cliente tem certeza do que vai pagar: sabe que pode ligar à vontade sem estourar a conta e que tem a garantia da internet com a comodidade de não ter que carregar o celular toda semana”, explicou Almeida.
“A pessoa quer ter uma melhor experiência. E, como têm uma oferta combinada de serviços por valores menores, os planos controle possibilitam isso”, acrescentou o diretor da Claro para o Nordeste, André Peixoto, dizendo que esse movimento também é bom para as operadoras porque fortalece a fidelização dos clientes. “Com o tempo, quem entrou para o pós-pago pelo controle já avança para um plano melhor”, explicou.

Para isso, porém, as operadoras precisam oferecer serviços cada vez mais eficientes aos seus consumidores. “Não adianta fazer uma oferta sem sustentá-la. Por isso, aliado aos novos planos, trabalhamos na melhoria da rede, com antenas para fortalecer o 4G e testes do 4,5G”, confirmou o diretor regional de varejo da Oi, Eneias Bezerra. Mas os esforços não param por ai. Outras operadoras já buscam oferecer, além da franquia de internet, facilidades extras nos planos controle. Até planos de menor valor, da faixa de R$ 50, já oferecem a possibilidade de usar redes sociais de forma ilimitada. 

Algumas operadoras ainda fizeram parcerias com empresas como Netflix, YouTube e Spotify para disponibilizar o uso gratuito desses aplicativos. E outras criaram as próprias plataformas de streaming de áudio e vídeo. “As funcionalidades exclusivas desses planos também contribuem para o crescimento da base pós-paga”, confirmou a Vivo, por nota. 

O aumento do uso de dados, por sua vez, também tem acentuado a redução do número de ligações tradicionais. A Tim, por exemplo, viu o tráfego de voz cair 25% na rede 2G do Nordeste, mesmo oferecendo ligações ilimitadas nos seus planos controle. Já o uso de internet cresceu 160% na mesma região. “Mais de 85% dos nossos clientes têm smartphone e estão aptos a usar dados. Por isso, às vezes é mais cômodo fazer ligações por aplicativos. As do WhatsApp, inclusive, não descontam do plano de internet”, explicou Almeida. “É um novo perfil de consumidor, dirigido aos dados”, confirmou o diretor da Oi. 

Legislação
Atenta a essa mudança no perfil do consumidor, a Anatel tem buscado atualizar as regras da telefonia brasileira. O projeto de lei que visa substituir a atual Lei Geral de Telecomunicações (LGT), de 1997, por sinal, está prestes a ser votado no Senado Federal. Para a Anatel, no entanto, ele não é suficiente. Depois disso, ainda será preciso avançar com o projeto de lei que tira o foco do setor da telefonia fixa para a banda larga, permitindo o uso dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) para a expansão da internet banda larga no Brasil. 

“Esse fundo recebe 1% da receita das operadoras. É cerca de R$ 1 bilhão por ano. Mas esse dinheiro não tem sido usado inteiramente porque hoje não é possível investi-lo em banda larga. O fundo é destinado à telefonia fixa, mas a telefonia fixa está em desuso e não vale a pena investir nela. Por isso, também precisamos atualizar essa lei para promover a expansão da internet no Brasil”, defendeu o gerente da Anatel.

Fonte - Folha de Pernambuco

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