O deputado federal Alexandre Frota (SP) declarou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que o presidente Jair Bolsonaro exigiu sua expulsão do PSL. Frota afirmou que Bolsonaro seria um "idiota ingrato que não sabe de nada (...) aquela cadeira de presidente ficou grande para ele e ele se lambuzou com o mel da Presidência”.
Frota foi acusado de infidelidade partidária depois de ter feito críticas ao presidente. O deputado afirma que sua expulsão pode ser considerada “um aviso para aqueles que acham que estamos vivendo em uma democracia” e afirmou já ter recebido propostas de sete partidos, DEM, PP, MDB, PSDB, Podemos, PSD e PRB. Mas, depois de se aproximar do governador de São Paulo, João Doria, estaria tendendo a se filiar ao PSDB.
Alexandre considera que falou a verdade e acabou incomodando muitos, por criticar quem não gosta de ser criticado e não está preparado para as críticas, fato que teria pesado para o presidente Jair Bolsonaro. Na visão do deputado, o presidente "se mostra, muitas vezes, infantil". Frota destaca que não acredita que Bolsonaro esteja preparado para o cargo para o qual foi eleito. "Eu acreditava, assim como milhões de brasileiros, que ele realmente pudesse fazer a diferença, mas não foi isso que encontrei lá. Ele acredita nas verdades criadas, nas próprias fantasias dele".
Bolsonaro deve conteúdo, diplomacia e respeito, além de não gostar de ouvir, ser inseguro, medroso e caricato, segundo Frota.
O deputado ainda considera que teve mais sucesso em sua carreira de ator pornô do que o presidente no Exército. As agressões, humilhações aos aliados e amigos e os que o ajudaram a ser eleito surgiriam por conta de uma visão do presidente e de sua "matilha cultural e social de extrema-direita" que acha que vai dominar o país.
A impressão do deputado é de que Bolsonaro ainda não saiu da campanha eleitoral. "Mas o castelinho de areia uma hora vai ruir e ele vai ficar perdido como um cachorrinho vira-lata numa montanha de lixo", comentou. Frota acredita que o governo não apresenta propostas, vivendo de momentos e insights.
Alexandre Frota destaca que "Sair do PSL, para mim, foi receber uma carta de alforria, foi me libertar da ditadura bolsonarista. Saí com muito orgulho e pela porta da frente". Apesar das críticas, o deputado afirma que pretender respeitar democraticamente a decisão do partido de expulsá-lo, apesar de considerar que os filiados deveriam ter liberdade para opinar, mesmo que o comentário desagrade o presidente.
A influência do presidente em sua expulsão foi um erro, na visão de Frota, "Mostrou autoritarismo, ditadura". A informação de que a expulsão seria um pedido do próprio presidente foi dada ao deputado por Luciano Bivar, considerado um amigo pessoal por Frota.
A recusa a indicações de alguns cargos no governo, apontada como um dos motivadores da tensão entre o deputado e o partido foi negada por Alexandre Frota, que afirmou nunca ter realizado nenhuma indicação.
O deputado aponta que existem outros congressistas insatisfeitos com o presidente, porém, sem coragem de fazerem as críticas abertamente. Frota ressalta que apesar das divergências pretende votar com o governo quando achar necessário.
O número de convites recebidos por alguns partidos é considerado um resultado de seu trabalho coeso, honesto e com muito estudo e dedicação, na visão do deputado. Alexandre Frota filiou-se ao PSL no ano de 2018 a convite do atual presidente, Jair Bolsonaro.
Por Danielle Santana - Diário de Pernambuco
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