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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

CONVOCAÇÃO - PETISTAS LIGADOS A DILMA SÃO ESCOLHIDOS PARA MINISTÉRIO

A presidente Dilma Rousseff retorna nesta segunda-feira do breve descanso em Aratu (BA) e, se cumprir o prometido durante o café da manhã com jornalistas na semana passada, concluirá o anúncio do primeiro escalão do governo. Criticada por petistas de todas as tendências – da esquerda ao campo majoritário, passando pelo ex-presidente Lula – a Esplanada dilmista consolida desenho político com um PT em menos ministérios (até agora, estão garantidos 13 dos 15 anteriores). Mais do que isso. Pela primeira vez em 12 anos, o partido de Lula e Dilma não dará as cartas na equipe econômica nem no Ministério da Educação, considerado pela própria presidente um dos pontos centrais do segundo mandato.

Responsável pelo ajuste econômico profundamente ortodoxo, a equipe comandada pelo novo titular da Fazenda, Joaquim Levy, não tem nenhuma afinidade com o PT. Pelo contrário. Levy chegou a dar palpites para o tucano Aécio Neves durante a campanha eleitoral. Nelson Barbosa, ao longo do período sabático que tirou do governo federal, criticou o desequilíbrio nas contas públicas. A dupla está acomodada no Ministério da Fazenda e do Planejamento.

Nem mesmo nos momentos mais duros do ponto de vista econômico da gestão petista, a legenda esteve fora do controle do processo. Em 2003, o ministro da Fazenda era Antonio Palocci (por quem a militância partidária não nutre simpatias, mas que, ao menos, é filiado). Ele foi substituído por Guido Mantega, economista histórico da sigla.

Curiosamente, Mantega começou a trajetória no governo em 2003, justamente no Ministério do Planejamento. Ao ser deslocado para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), depois da rápida passagem de Carlos Lessa na instituição pública, Mantega foi substituído pelo então deputado Paulo Bernardo. Quando Dilma chegou ao poder, em 2011, Bernardo foi deslocado para o Ministério das Comunicações e o Planejamento foi assumido por Miriam Belchior, viúva do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.

A trajetória do PT na pasta da Educação também é ininterrupta. Começou com Cristovam Buarque (hoje no PDT, mas, à época, petista). A gestão durou apenas um ano, quando o ministério passou a ser conduzido por Tarso Genro. Em seguida, vieram Fernando Haddad, Aloizio Mercadante e Henrique Paim. Os petistas históricos têm a pasta em tão alta conta que brincam que ela é uma alavancadora de carreiras de filiados: Tarso Genro foi governador do Rio Grande do Sul entre 2010 e 2014; Haddad elegeu-se prefeito de São Paulo e Mercadante é, hoje, chefe da Casa Civil e o ministro mais influente da Esplanada.

A partir de 1º de janeiro, a Educação estará sob os cuidados de Cid Gomes, filiado ao Pros. Cid é admirado pela presidente Dilma Rousseff. Há negociações para que o ainda governador do Ceará – o mandato dele só se encerra daqui a dois dias – migre do Pros para o PT. Na bagagem, levaria um nome, ainda indefinido, para disputar a Prefeitura de Fortaleza em 2016. Gomes rompeu com o PSB em 2013 por ser contrário à candidatura de Eduardo Campos ao Planalto, e foi fundamental na eleição do petista Camilo Santana para sucedê-lo no governo estadual.

Na lista de ministros anunciada até o momento, apenas um é petista: Jaques Wagner, que foi cotado para diversas pastas, mas acabou no Ministério da Defesa. Hoje, Wagner deve receber, em Salvador, o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, o que pode gerar estranhamento com os comandantes das Forças Armadas antes mesmo de o petista assumir o posto.

Satisfação

A permanência do PT em alguns dos postos que ocupa não significa que a legenda se sinta pacificada. A principal tendência partidária queixa-se de que está longe do centro do poder, já que Mercadante é mais dilmista que lulista. O PT tenta recuperar o Ministério do Trabalho, mas o PDT garante que Manoel Dias continua.

Celso Amorim, que deixará o Ministério da Defesa, pode retornar ao Ministério das Relações Exteriores, embora a visão de política externa dele seja divergente do estilo de Dilma. Amorim recuperou o prestígio com a presidente por manter os comandantes das Forças Armadas em calma durante o debate da Comissão Nacional da Verdade.

A grande maioria dos ministérios com nomes em aberto será comandada pelo PT. Há dúvidas na Cultura, já que a presidente ainda tenta convencer o jornalista e escritor – e filiado ao PMDB – Fernando Morais a assumir a pasta. Nos Transportes, a vaga será do PR, embora haja resistências ao nome do ex-senador Antonio Carlos Rodrigues, por sua ligação com Valdemar da Costa Neto, que cumpre pena pelo julgamento do mensalão.

Do Diário de Pernambuco

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