Os pesquisadores já sabiam que o aquecimento global trará impactos à agricultura, com redução de áreas propícias ao plantio, principalmente no Semi-Árido. Agora, eles mediram de quanto será essa perda em nove espécies de interesse econômico e chegaram a números desanimadores. Em 2020 a redução das terras favoráveis à mandioca, por exemplo, vai variar de 2,5% a 3,1%, dependendo do aumento da temperatura.
O Sertão e o Agreste serão as áreas onde o cultivo da raiz sofrerá mais prejuízos, em todo o Brasil. No sul, ao contrário, as mudanças climáticas serão favoráveis. “Isso é um dado preocupante, levando-se em conta que a planta está na base da alimentação da população nordestina”, afirma um dos autores do estudo, divulgado ontem em São Paulo, o engenheiro agrícola da Embrapa Eduardo Assad. O algodão é outra planta de importância econômica para a região que a pesquisa aponta como suscetível ao aquecimento. As perdas de áreas favoráveis à cultura serão de 11% em 2020 e 16% em 2070. Ao contrário, a cana-de-açúcar será favorecida pelo aumento da temperatura global. Ou seja, no geral, o aquecimento resultará em menos alimento e mais etanol. Os resultados obtidos neste estudo permitem concluir que o sistema agrícola de lavouras anuais não deverá crescer até 2020 da mesma maneira como cresceu na última década. “Com a elevação dos custos da pecuária de corte em regime de pastagem plantada, a expansão da exportação de carnes também deve ser afetada negativamente”, justifica Eduardo Assad, da Embrapa Informática para a Agricultura, com sede em Campinas (SP). A pesquisa é dele e de Hilton Silveira Pinto, da Unicamp. A deficiência hídrica, associada ao tipo de fotossíntese realizada pela planta, é o que define quão vulnerável será a cultura ao aquecimento global. Há casos, como o da cana, em que o aumento da temperatura é favorável. Para Assad, os resultados não são catastróficos, apesar de desalentadores. “Ainda tem como se buscar soluções. Seja melhoramento genético clássico, seja transgenia.” Uma das alternativas apontadas por ele para enfrentar mudanças climáticas na região é o desenvolvimento de outras culturas, como a palma e o umbuzeiro. “São plantas que fornecem não só alimento, como também renda”, diz o engenheiro agrícola. Outra região afetada no Nordeste serão os Cerrados da Bahia e Sul do Maranhão e do Piauí. “Soja, algodão e milho nessas regiões estarão prejudicados.”
FONTE-JC
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