No 4º Encontro de Governadores do Nordeste, realizado na sexta-feira (17), em Teresina (PI), o governador Paulo Câmara cobrou a liberação, por parte da União, de empréstimos para os Estados. Em discurso no ato, o chefe do Executivo pernambucano pediu mais atenção à região que fez diferença na eleição presidente Dilma Rousseff. Paulo Câmara argumentou que tanto ele quanto os demais governadores nordestinos deixaram claro que a crise é uma realidade na reunião com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e sua equipe econômica.
“Agora, queremos iniciar um processo (de Operações de Crédito) porque isso não é rápido; demora pelo menos um ano. Então, seria um desembolso para 2016, e nada avançou. Daqui a pouco teremos que discutir o desembolso para 2017. E vai, de fato, sacrificar os investimentos na região, que precisa de emprego. Esse investimento servirá para obras hídricas, que são fundamentais", disse o pernambucano.
Segundo o governador, "não é nenhum segredo que é essa região foi que desequilibrou as últimas eleições". "Foi o Nordeste que deu o resultado favorável ao atual governo. Então, nesse cenário, pontuando que nós sabemos as dificuldades da União, nos preocupa essa repercussão que tem ocorrido no Nordeste, principalmente em relação ao emprego", explicou Paulo.
O governador de Pernambuco pediu mais "transparência e verdade" do Governo Federal. As demandas tratadas nos encontros dos governadores nordestinos, de acordo com o pernambucano, precisam de respostas. Ele reconhece, entretanto, que a discussão a respeito do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) avançou, mas o debate sobre as Operações de Crédito, não.
"A carta que assinamos no Rio Grande do Norte, no dia 5 de maio, falava do Fundo de Desenvolvimento Regional. Estamos avançando; ainda não fechamos pois precisa ter um pouco mais de informação para todos nós. Mas avançou. É uma questão importante a do ICMS. Mas, como foi bem falado aqui, as operações de crédito não andaram nada. Pernambuco gasta 16% da sua arrecadação com saúde. Tem vários municípios pernambucanos que gastam 30% com saúde e apresentam deficiências. Precisamos é de ações efetivas, de mais repostas", cobrou Câmara.
REFORÇO - As declarações do governador são reforçadas pelos dados que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgou referentes aos primeiros cinco meses de 2015, quando o Brasil teve uma perda de 240 mil vagas. Desse total, 150 mil postos de trabalho (63%) foram fechados no Nordeste.
"O Nordeste não pode parar de maneira nenhuma, principalmente depois de tudo que conquistou nos últimos anos. Os desafios são enormes, mas essa luta, que é de muito tempo, tem que continuar. Vamos pegar os primórdios de Celso Furtado; são 50 anos ou mais. E a nossa realidade ainda é dura: 28% da população e 14% do PIB. O Nordeste cresceu muito nos últimos anos; reduziu a pobreza, aumentou o emprego e melhorou a educação e também a saúde. Mas precisa continuar crescendo", pontuou Paulo Câmara.
Para o chefe do Executivo pernambucano, os Estados nordestinos têm feito a sua parte. "Não tem um governador aqui que não esteja fazendo ajuste, economizando e cortando na própria carne. Buscando oferecer um equilíbrio necessário diante de um cenário econômico ruim", explicou Paulo Câmara.
O governador de Pernambuco salientou que o que se consegue economizar está sendo investido em obras hídricas, estradas e escolas em tempo integral. "O que vai fazer com que o Brasil saia dessa situação é a realização de obras, criação de um ambiente estável, mostrando que as instituições funcionam. Dessa forma, o setor privado vai acreditar que pode continuar investido", concluiu Câmara, ressaltando que o Nordeste é a solução e não o problema do Brasil.
Da ASCOM
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