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quarta-feira, 18 de março de 2020

ISOLAMENTO DOMICILIAR REQUER DISCIPLINA NAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO - DIZ MÉDICO

Diante do avanço do novo coronavírus (Sars-Cov-2) no Brasil e em Pernambuco, empresas, escolas e universidades suspenderam as atividades, incentivando as pessoas a permanecerem em casa e evitarem aglomerações. Para o infectologista Filipe Prohaska, chefe da Triagem de Doenças Infecciosas do Hospital Oswaldo Cruz (Huoc), com o possível aumento no número de casos nos próximos dias, medidas de distanciamento social contribuem para desacelerar a proliferação do vírus e proteger os grupos mais vulneráveis, como os idosos e pacientes de doenças crônicas. Em entrevista à Folha de Pernambuco, o especialista dá orientações sobre hábitos de prevenção para o dia a dia.

Desde o início da pandemia, fala-se na necessidade de praticar o isolamento e a quarentena. O que são esses dois conceitos? Quem deve se isolar?

O isolamento é quando você tem o diagnóstico confirmado de coronavírus e você fica sem ter o contato ou, ao ter contato, usar máscaras e lavar constantemente as mãos para não ter transmissão. A quarentena é quando uma pessoa que chegou de viagem se mantém afastada das atividades por um período de sete dias. Você fica afastado por precaução para ver se desenvolve os sintomas ou não. Isso é recomendado para quem fez uma viagem ao exterior, independente de ter sintomas. Em tendo sintomas, você tem que ver se preenche os critérios para coletar exames para o coronavírus. E os critérios são simples: ter febre mais algum sintoma [de gripe] e ter vindo de alguma região que tenha infecção sustentada do vírus.

A recomendação vale para quem veio do exterior ou também para quem viaja a estados como Rio e São Paulo, que concentram a maior parte dos casos no País?

Ainda não. Aguardamos o Ministério da Saúde se posicionar. Por enquanto, é para quem veio do exterior.

Após a confirmação dos primeiros casos em Pernambuco, escolas e universidades suspenderam atividades e empresas estão liberando funcionários para trabalhar em casa, independentemente de ter manifestado sintoma. É necessário que todo mundo permaneça em casa?

O próprio pessoal do Governo estabeleceu as situações em que é necessário o isolamento. Quem puder, o ideal é que vá trabalhar em casa. Mas não é obrigatório. Não há ainda o conceito isolamento total.

Mas para quem não apresenta sintoma, é necessário ficar sempre em casa? Ou ainda pode ir a alguns lugares?

A ideia da quarentena é ter realmente o isolamento social, minimizar ao máximo a presença das pessoas nas ruas. Não é obrigatório ficar o tempo todo em casa, mas você só deve sair para resolver algo e retornar. Você não deve ficar por tempo excessivo na rua, sem motivo.

E evitar lugares fechados?

Sim. Mas também dar prioridade à lavagem das mãos. Em locais fechados, você deve ter o cuidado em lavar as mãos porque você não sabe as pessoas que estão ali ao seu redor.

A principal recomendação de que tem se falado muito nos últimos dias é a lavagem das mãos. Esse cuidado se mantém para quem fica em casa?

Em casa é que você deve lavar mesmo as mãos. Sempre que chegar em casa, entrar em contato com outra pessoa, for banheiro, depois das alimentações.

Em casa, nós temos muito objetos compartilhados, como cadeiras, mesas, controle remoto. Ao manusear esses objetos, também é preciso lavar as mãos?

Ou fazer a limpeza deles. Se você faz a limpeza e não teve contato com ninguém que veio da rua, não tem problema nenhum. E a limpeza pode ser feita com álcool em gel ou profílico, alguns desinfetantes também. O vírus é muito sensível a esse tipo de produto. Se você tem o cuidado em fazer uma lavagem adequada, não tem problema.

E objetos de uso pessoal, como celular, anéis e bolsas?

Também [devem ser higienizados]. Inclusive no hospital, nós decidimos suspender o uso de celular. A bolsa é colocada em muitos lugares, normalmente em mais baixo que suja. Adornos, como anéis e alianças, também devem ser limpos.

Que tipo de cuidado devemos ter em relação às crianças?

Orientar muito sobre a importância de lavar as mãos. Fazer disso uma questão cultural, levar essa qualidade para fora de casa. Eu espero que com essa crise do coronavírus a gente tenha uma nova cultura de lavar as mãos e tomar cuidados. Como as crianças não têm ficado muito doentes, é natural que elas transmitam mais pelo contato mais frequente, menor frequência da lavagem das mãos. Escolas são várias acumulações de pessoas, na sala de aula os meninos vão conversando e você não tem transmissão de contato. Por isso, evitar o contato.

E para a criança não ficar parada em casa, o que se deve fazer? Elas podem brincar em um parquinho com outras crianças?

É difícil você manter as crianças em casa 24 horas por dia. Então, se as crianças forem para a área comum do prédio, orientar elas a sempre, depois da brincadeira, não colocar a mão nos olhos, no nariz ou na boca. Além disso, entre uma brincadeira e outra, sempre lavar as mãos.

Com relação à alimentação, qual a recomendação? A alimentação adequada torna a pessoa mais resistente caso haja um contágio?

Comer bem, tomar muito líquido e repouso. Independente de se estar doente ou não, é a melhor forma de aumentar a imunidade. Tem que ser uma alimentação balanceada com carboidrato, lipídio (gordura) e proteína. Variar sempre. Vai depender do que você tem em casa. E, sem dúvida, o bom estado nutricional ajuda a melhor o quadro do paciente.

Quem faz parte dos grupos de risco deve ficar mais tempo em casa que as outras?

Com certeza. As pessoas de fatores de risco, como idosos, obesos, diabéticos e hipertensos, devem restringir ao máximo a saída de casa. Se for possível, devem evitar trabalhar fora de casa.

Todas essas medidas de distanciamento ajudam a prevenir que essa transmissão ganhe uma dimensão muito grande?

Quando você tem o isolamento social, é para tentar impedir a disseminação na comunidade. Na verdade, o termo correto é minimizar a presença do vírus, fazer com que a sua propagação seja cada vez menor. Independente do isolamento, esses casos vão aumentar. A ideia é que a velocidade e a proporção sejam menores.

Fonte - Folha de Pernambuco

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