Na Legião da Boa Vontade, LBV, a visão que temos da maternidade é ampla. É o que comentei em 22 de maio de 1988, na Folha de S.Paulo: Deus, Mãe e Pai dos seres humanos, é universal abrangência. Assim sendo, Mães não são apenas as que geram filhos carnais. Também são aquelas que se consagram à sobrevivência dos filhos dos outros: as crianças órfãs, até mesmo de pais vivos; as das Mães que precisam trabalhar e não têm pessoa de confiança com quem deixá-las; as das que são irremediavelmente enfermas. Tal como se lê no Poema do Grande Milênio, de Alziro Zarur (1914-1979): “(...) Os filhos são filhos de todas as mães, e as mães são as mães de todos os filhos”.
Mães são ainda as que se devotam à Arte, à Literatura, à Ciência, à Filosofia, à Religião, à Política, à Economia, afinal a todos os setores do pensamento ou ação criadora, a gerar “filhos” de sua dedicada competência pelo desenvolvimento da Humanidade. A LBV não ergue bastilhas, pelo contrário, as derriba com renovada Boa Vontade. (...)
RETRATO DE MÃE
Abro a revista Boa Vontade e encontro esta joia do saudoso bispo chileno Dom Ramón Ángel Jara (1852-1917): Existe uma simples mulher que possui um pouco de Deus pela imensidade de seu Amor, e muito de anjo pela constância de sua dedicação. Mulher que, sendo jovem, pensa como anciã; e na velhice, trabalha como se tivesse o vigor da juventude; se é ignorante, decifra os problemas da vida com mais acerto do que um sábio; sendo culta, amolda-se à simplicidade das crianças; quando pobre, considera-se bastante rica com a felicidade daqueles que ama; e sendo rica, daria com prazer sua riqueza para não sofrer a injúria da ingratidão.
Forte ou intrépida, entretanto estremece ante o choro de uma criancinha; franzina, se reveste, às vezes, da bravura de um leão. Mulher que, enquanto viva, não sabemos dar-lhe o devido valor, porque a seu lado todas as nossas dores se apagam... Mas, depois de morta, daríamos tudo o que somos e tudo o que temos para vê-la de novo um só instante e dela receber a carícia de seus abraços, uma palavra de seus lábios... Não exijais de mim que diga o nome dessa mulher se não quiserdes que eu inunde de lágrimas este álbum, porque já a vi passar em meu caminho. Porém, quando os vossos filhos crescerem, lede-lhes esta página. E eles, cobrindo-vos de beijos, dirão que um pobre viandante, em retribuição da magnífica hospedagem recebida, deixou gravado neste álbum, para todos, o retrato de sua própria Mãe.
Dizem que Mãe não tem rima. Será?! Então secou-se-lhes a musa, ou saiu em férias... Mas não semelhantemente à famosa experiência de Guerra Junqueiro (1850-1923).
Amor faz rima perfeita com Mãe. Mãe é eterna também.
José de Paiva Netto é jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário