Não é mais um ano que está a começar na continuidade do tempo marcado pelos homens. Deve ele ter um simbolismo muito maior na busca de uma renovada forma de existir, de amor e paz inclusive conosco mesmo.
No ano de 2009 vivemos 365 dias, mais de 8.000 horas, além de meio milhão de minutos e é possível que, ao final de cada dia que passou, não tenhamos feito uma análise de nossas ações em cada uma das vinte e quatro horas passadas. Agora, é o ano inteiro que merece uma meditação maior para o inventário do que ocorreu, do que nos trouxe alegria, tristeza, decepção, para ingressarmos no que é novo com maior sabedoria e melhor forma de viver com nós mesmos, para e com os outros.
A expressão PRÓSPERO ANO NOVO não deve ter apenas o sentido de uma saudação especial. Tem ela um simbolismo muito maior no seu expressar-se e isso vemos e notamos no brilho alegre do olhar dos homens no cumprimentarem-se, dos que às vezes veem de longe, para uma comunicação alegre, afastado o ódio, a raiva, a traição ou o mal, sem o opaco ou não-brilho da tristeza ou da desesperança.
Deve haver e há no abraçar do homem, do irmão, na mensagem recebida ou nos votos enviados, um desejo real de que os novos dias que estão a chegar sejam efetivamente de melhoria espiritual e material, do viver na solidariedade, na repartição dos bens, do chegar-se ao outro com um novo sentido de existir na esperança, nos sonhos convertidos em realidade e na busca de uma utopia transformada em sadia e alegre forma de viver.
Deixemos no passado, no ano que finda, para servir como experiências, o vazio e as feridas feitas em cada um de nós ou que nós marcamos com nossas ações, pela falta de compreensão, de solidariedade, de amor ao próximo ou a nós mesmos. Se elas são como momentos dolorosos que deixaram a marca de um tempo que não volta e que não podem ser removidas, que sejam bem cuidadas pela saudade, para que não se rompa e se propague e tome todo o corpo, tornando tudo um só sofrimento.
Em “Carta de Notícias”, Kristhnamurti destaca as três coisas fundamentais para despertar a inteligência: a arte de comunicar o que queremos transmitir, a arte de escutar, que é ouvirmos sem distorcer e por fim a arte de apreender, que é o acumular conhecimentos de forma que possamos meditar sobre tudo que nasceu do aprendizado lógico, pois assim cada um adquire o indispensável e o saber imprescindíveis ao viver. E assim cada um torna-se o seu próprio instrutor, “cada um se ilumina.” Vamos fazer o que foi dito e feito pelo apóstolo São Paulo: tiremos nossas roupas velhas e usemos a indumentária da esperança.
Como ser-do-mundo, não cabe apenas avaliar nossas ações pessoais, carimbando-as como boas ou más. Importante é que na continuidade do tempo, neste ano de 2010, busquemos o aperfeiçoamento de nossas vidas. Com ele, o desejo e o esforço de cada um para construção de uma sociedade brasileira mais harmônica, menos desigual, mais ética e de maior respeito Ó coisa pública.
Um ANO NOVO chegou. Não será interessante entrarmos no novo tempo sem cometer os mesmos erros, praticando os mesmos equívocos, permitindo uma mesma violência, iludindo, enganando, alimentando o mesmo mal-querer, de tão dolorosas experiências? Está em nossas mentes e em nossas mãos o querer e o poder mudar e fazer um futuro de alegria e de liberdade para todos.
2010. Que seja um ano de amor para cada um consigo mesmo, de amor para com todos, de amor para com Pernambuco.
Fonte - Blog da Jornalista Josélia Maria
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