ARARIPINA

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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ACIDENTE EM SAN MARTIN - AVIÃO SEGUIU COM TANQUE CHEIO


Funcionário do posto de abastecimento da Petrobras no Aeroporto Internacional do Recife, na Zona Sul, assegurou ontem que o bimotor King Air B200, que caiu no último domingo em San Martin, Zona Oeste, matando duas pessoas e ferindo oito, decolou no sábado com destino a Teresina, no Piauí, com tanque cheio. A informação foi confirmada por um dos sobreviventes do desastre aéreo, Rogério Paes e Silva, 40 anos. Segundo ele, o piloto Eurico Pedrosa Neto, 47, que morreu no acidente, confidenciou-lhe que encheu o reservatório de querosene. O combustível seria suficiente para fazer o trajeto de ida e volta à capital piauiense. “O abastecimento aqui foi full (cheio). Ele saiu daqui com tanque completo”, revelou um servidor do posto BR que não quis se identificar. A assessoria de imprensa da Petrobras Distribuidora declarou que não vai se manifestar sobre o assunto para não atrapalhar as investigações. Segundo ele, o piloto Eurico Pedrosa Neto, 47, que morreu no acidente, confidenciou-lhe que encheu o reservatório de querosene. O combustível seria suficiente para fazer o trajeto de ida e volta à capital piauiense. “O abastecimento aqui foi full (cheio). Ele saiu daqui com tanque completo”, revelou um servidor do posto BR que não quis se identificar. A assessoria de imprensa da Petrobras Distribuidora declarou que não vai se manifestar sobre o assunto para não atrapalhar as investigações. Rogério, sócio da Luan Promoções, ratificou que o piloto fez o abastecimento máximo no Recife. “Eurico encheu o tanque. Eu o vi abastecendo e ele próprio me falou”, afirmou o passageiro. O chefe do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), tenente-coronel João Carlos Bieniek, declarou que, com tanque cheio, o piloto não precisaria reabastecer a aeronave em Teresina. De acordo com ele, a Instrução de Comando da Aeronáutica (ICA) determina que, no plano de vôo, um comandante precisa calcular quantidade de combustível suficiente para se deslocar de um ponto a outro, além de garantir abastecimento extra para uma eventual rota alternativa, mais 45 minutos. “Quando saiu de Teresina, ele sabia que teria combustível suficiente para retornar, em caso de tanque cheio.” Trajeto de ida e volta para a capital do Piauí é de 1.875 quilômetros, em torno de quatro horas de vôo. O bimotor, com tanque cheio, tem autonomia para cumprir 2.800 quilômetros, quase sete horas. O comandante Marcos Roberto do Nascimento explicou que, pelos cálculos da ICA, o piloto deveria ter combustível para quase seis horas de vôo, já contabilizando o tempo de rota alternativa e os 45 minutos excedentes de ida e volta. “De tanque cheio, com aquele motor, daria para ir e voltar tranqüilamente. Se ele realmente encheu o tanque, não faltou combustível. O que pode ter acontecido é algum vazamento. A tampa pode ter-se soltado. O atrito do ar suga o combustível, já aconteceu comigo isso”, ponderou.
O tenente-coronel Bieniek informou ainda que os dois motores do avião foram recolhidos do galpão onde os destroços estão guardados e seguiram para a cidade de São José dos Campos, em São Paulo, para análise.

ACIDENTE EM SAN MARTIN

Piloto acha que pode ter havido vazamento

O piloto Bruno Carvalho Carneiro, 29, um dos oito sobreviventes do desastre aéreo envolvendo o bimotor da banda Calypso, declarou ontem, pouco antes de receber alta médica do Real Hospital Português, que é mais provável a aeronave ter caído por algum vazamento de combustível do que por falta de abastecimento. “Pela experiência do comandante, ele não colocaria menos combustível do que era necessário. Se houve pane seca, acho mais provável ter sido por causa de um algum vazamento que não foi percebido em vôo ou um entupimento no sistema de abastecimento. Não vi nenhum aviso na cabine”, contou. Bruno não soube afirmar se o piloto Eurico Pedrosa Neto encheu o tanque de combustível antes de decolar para Teresina. “Não acompanhei o abastecimento. Quando cheguei, os procedimentos já haviam sido feitos. O acidente foi uma surpresa para mim e para ele”, disse. O sobrevivente admitiu estar de farda durante o vôo, mas assegurou não ter atuado como co-piloto. “Eu costumo viajar fardado, mesmo quando pego carona. Não atuei como co-piloto, apenas fui convidado pelo comandante”, garantiu. Ainda abalado com o acidente, Bruno recordou os últimos momentos antes de o bimotor cair. Disse que o piloto pediu à torre para aterrissar. “Mas o pouso não foi autorizado porque havia um tráfego de grandes aeronaves. Aí ele insistiu e perguntou se poderia seguir no visual, que é um procedimento padrão. A torre pediu para que ele alinhasse a aeronave em 90 graus com o eixo da pista. Já estava tudo pronto, até com trem de pouso para fora, quando houve o problema”, detalhou. Do momento em que Eurico percebeu o problema até a queda, passaram-se pouco mais de 30 segundos. “Eu avisei aos passageiros que faríamos um pouso de emergência. Coloquei o cinto em Eurico, a pedido dele, que estava lutando contra o bimotor. Deu para ver sua expressão de força. Graças a ele estou aqui.” Outros cinco passageiros do bimotor permanecem internados em hospitais do Recife. O chefe de gabinete do Metrorec, Davidson Tolentino, saiu ontem da UTI. Eduardo do Ó, um dos proprietários de uma rede de hospitais, permanece na terapia intensiva, enquanto o empresário Valmir João de Oliveira, que continua em estado grave, apresentou uma melhora. O produtor de eventos Rogério Paes e Silva deve receber alta até amanhã. O empresário e dono do Chevrolet Hall, Luiz Augusto Nóbrega, também continua internado.


ACIDENTE EM SAN MARTIN

Anac investiga uso irregular do bimotor

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) abriu processo administrativo para apurar possível irregularidade na utilização do bimotor que caiu em San Martin no último domingo. Isso porque, no Registro Aeronáutico Brasileiro consta que a aeronave, de prefixo PT-OSR, tem como finalidade “Serviço Aéreo Privado.” No entanto, há informações de que o avião estava sendo fretado constantemente. Em documento publicado ontem no Blog de Jamildo, o bimotor é oferecido pela empresa Exclusive Serviços Aéreos Ltda a empresários e turistas. “Esta aeronave se encontra à sua inteira disposição. Para o empresário moderno, ao turista que não quer perder tempo nos atrasos dos aeroportos. Sinta-se como dono da aeronave e crie os vôos em função da sua agenda”, diz parte do texto do anúncio, que ainda apresenta fotos internas e externas do avião. Em uma das imagens é possível ver o prefixo PT-OSR, o que comprovaria tratar-se da mesma aeronave do acidente. A Anac informou, através de nota, que a empresa Exclusive não é registrada no órgão, por isso, não é autorizada a realizar serviço de táxi-aéreo. Como órgão regulador, a Agência Nacional de Aviação Civil não tem poder de punir. Caso a irregularidade seja constatada, segundo a Anac, o fato será comunicado à polícia e à Justiça. O órgão aproveitou para alertar os usuários desse tipo de serviço para checar se a empresa a ser contratada é registrada. A consulta pode ser realizada por telefone diretamente com as gerências regionais ou através do site www.anac.gov.br. A reportagem do Jornal do Commercio tentou entrar em contato com a Exclusive através do telefone divulgado no anúncio da aeronave. Uma funcionária, no entanto, informou que não havia ninguém no local para falar sobre o assunto.


ENTREVISTA » EDUARDO DA FONTE

“Agradeço aos moradores”

Ao lado do filho Luis Eduardo, 7 anos, o deputado federal Eduardo da Fonte deu entrevista, ontem, para falar pela primeira vez sobre o acidente com o avião, domingo passado. Com curativos na cabeça, elogiou a perícia do piloto e afirmou que estava de carona a convite do empresário Luiz Augusto Nóbrega. O filho do parlamentar roubou a cena ao falar sobre o acidente. “Quem ajudou meu pai foi Papai do Céu e o anjinho da guarda.”

JC – O que o senhor lembra dos últimos momentos antes do avião cair?

EDUARDO DA FONTE – Lembro de tudo. Quando estávamos nos aproximando do aeroporto, já com o trem de pouso acionado, escutei um alarme. Tocou algumas vezes. Perguntei o que estava acontecendo, se havia algum problema. Mas ninguém respondeu. Logo depois, acho que uns três minutos antes da queda, Bruno (Carvalho Carneiro) nos avisou para colocarmos o cinto porque íamos fazer um pouso de emergência.

JC – Deu para perceber o que pode ter acontecido com o avião?

EDUARDO – Foi algum problema no motor. Não dá para saber se foi falta de gasolina.

JC – O que aconteceu nesse momento? Houve desespero por parte de alguém?

EDUARDO – Não. Eu só falei para termos fé que tudo ia dar certo, que todos íamos sobreviver. A perícia do comandante Lico (o piloto, Eurico Pedrosa Neto) foi importantíssima para evitar o que poderia ser uma tragédia ainda maior. Eu vi tudo porque estava logo na frente, na segunda cadeira. Deu para ver a luta de Eurico para nos salvar. Vi a hora em que a asa bateu no primeiro andar de uma das casas. Quando tocamos no chão, a velocidade do avião estava muito baixa graças a Eurico.

JC – O senhor lembra se o avião foi abastecido em Teresina?
EDUARDO – Não sei. Cheguei ao aeroporto já próximo do horário de embarque. Fui o último a embarcar.

JC – Por que o senhor estava naquele avião?
EDUARDO – Eu estava com passagem comprada para as 11h30 do domingo em avião comercial. Esse vôo ia ter uma escala em Fortaleza. Na noite anterior, no entanto, em um show beneficente, Luiz Augusto (dono do Chevrolet Hall) disse que estava com um avião que sairia às 9h e me convidou. Terminei vindo de carona para chegar mais cedo ao Recife.

JC – E o resgate?
EDUARDO – Fiquei de cabeça para baixo. Um dos moradores segurou minha mão e me tirou do avião. Fui o primeiro a sair. Só tenho a agradecer aos moradores que nos ajudaram bastante, inclusive guardando nossos pertences.

FONTE-JC

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