A crise econômica mundial fará o Brasil desacelerar sem ter decolado durante a atual década, marcada por um longo período de prosperidade mundial. Pernambuco, pelo menos, deve entrar na contramão dessa tendência, pois investimentos estruturadores estarão se maturando nos próximos anos. Ao contrário de outros países em desenvolvimento, que usaram a década atual para obter um forte crescimento, o Brasil não conseguiu repetir dois anos com crescimento acima de 5%. Em 2000 foi 4,31%, caindo para 1,31% em 2001. Em 2002, ano eleitoral, o PIB ficou em 2,66%, caindo para 1,15% em 2003. A partir daí os Bancos Centrais mundiais reduziram muito os juros e vários produtos exportados pelo Brasil tiveram aumento de preço. Em 2004, o PIB alcançou 5,71%, mas caiu para 3,16% em 2005. No ano seguinte foi de 3,97% e 2007 chegou a 5,42%. Este ano, as projeções indicam um PIB próximo de 5%, mas a tendência é de queda para 2009, que já se inicia com empresas abertas reduzindo lucros (muitas com perdas no mercado de derivativos), menor disponibilidade de investimento direto estrangeiro e redução de demanda externa para exportações brasileiras. Pernambuco, por sorte, vai sofrer menos com a reversão global. O próximo ano será de intensa atividade industrial em Suape, o principal pólo econômico de Pernambuco nos últimos anos. A aposta dos governos estaduais em investir na infra-estrutura de Suape, com objetivo de atrair empresas âncoras, deu certo. A Refinaria Abreu e Lima de US$ 4,05 bilhões está em estágio avançado de terraplenagem e, em 2009, terá início a montagem de grandes estruturas, como a casa de força, que já foi licitada. Ao mesmo tempo, mais infra-estrutura em Suape está sendo erguida para dar suporte ao funcionamento da refinaria, como um píer petroleiro, uma via expressa e uma tubovia. O Estaleiro Atlântico Sul conclui suas instalações físicas e avança no processamento de aço de suas encomendas. E, este ano, a carteira de pedidos cresceu. Apenas para a Transpetro, subsidiária da Petrobras, a empresa fornecerá dez navios Suezmax e cinco Aframax – que iriam ser produzidos no Rio de Janeiro, mas foram realocados para Pernambuco. Além desses dois empreendimentos, outros estão se instalando ou iniciando a produção em Suape, como a fábrica de aerogeradores da Impsa e o moinho da Bunge. Então é possível que o aumento do PIB industrial compense um menor crescimento do setor de serviços e agricultura no Estado.
Por Renato Lima, de Economia / JC
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