A missão Marte 2020 Perseverance, promovida pela Nasa, divulgou, nesta sexta-feira (16), uma descoberta que pode dar mais certeza de que o planeta vermelho já abrigou algum tipo de vida — nem que seja as microbianas. Em agosto, o veículo de exploração de superfície planetária Perseverance coletou rochas que apresentaram um acúmulo de moléculas orgânicas com compostos que possuem uma construção química de vida.
Os objetos rochosos foram coletados dentro de uma ramificação da Cratera Jezero, denominada Wildcat Ridge, onde os cientistas acreditam que, há bilhões de anos atrás, um rio desaguava em um lago, o que trouxe rochas e sedimentos para o local.
As moléculas encontradas consistem em uma ampla variedade de compostos feitos principalmente de carbono e incluem átomos de hidrogênio e oxigênio, assim como nitrogênio, fósforo e enxofre.
Os cientistas afirmam que essas moléculas podem ser produzidas por processos químicos, mas que, a descoberta de elementos de compostos de carbono, que incluem hidrogênio e oxigênio — elementos básicos para a construção molecular de seres vivos — pode ser considerada, sim, uma bioassinatura em potencial.
“No passado distante, areia, lama e sais que agora compõem a amostra (as rochas) foram depositados na cratera em condições onde a vida poderia ter prosperado”, afirma Ken Farley, cientista do projeto Perseverance, do Caltech em Pasadena, Califórnia.
Em 2013, em outra missão da Nasa a Marte, matérias orgânicas foram encontradas em amostras de pó de rocha e até mesmo o Perseverance, na missão atual, também detectou moléculas na cratera. A diferença, de acordo com a instituição, é que essas rochas reúnem “a maior abundância de detecções orgânicas na missão até o momento”.
Para entender do que se trata o achado, as rochas serão trazidas de volta à Terra, em 2030, para que os cientistas as analisem com instrumentos mais avançados cientificamente. “Por mais capazes que sejam nossos instrumentos a bordo do Perseverance, mais conclusões sobre o que está contido na amostra Wildcat Ridge terão que esperar até que ela retorne à Terra para um estudo aprofundado da agência”, detalhou Farley.
Foto: NASA/JPL-Caltech/ASU/MSSS
O Perseverance coleta as amostras com os “braços” e “suga” as rochas para armazená-las em um reservatório que seria uma espécie de “barriga” do veículo explorador. A Nasa tem planejado uma transferências dos materiais coletados para a base da operação em Marte para que o explorador não fique muito cheio.
A diretora do laboratório Jet Propulsion da Nasa, Laurie Leshin, comemorou a descoberta e afirma que os rochedos auxiliarão em um novo entendimento do planeta vermelho. “Estudei a habitabilidade e geologia marcianas durante grande parte da minha carreira e sei em primeira mão o incrível valor científico de devolver um conjunto cuidadosamente coletado de rochas de Marte à Terra. Vamos aprender muito”, diz.
Sobre a missão Marte 2020 Perseverance
Com objetivo de encontrar e armazenar objetos que possam conter sinais de vida microbiana antiga em Marte, a missão Marte 2020 teve início em 30 de julho de 2020, com o lançamento dos objetos ao espaço. Em 18 de fevereiro de 2021, a missão aterrisou em Marte.
A Nasa também afirma que a missão do Perseverance é “abrir caminho para a exploração humana do Planeta Vermelho e ser a primeira missão a coletar e armazenar rochas marcianas”. O fim da missão está previsto para 2030.
Por Talita de Souza - Correio Braziliense
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