CASO DOS VAMPIROS - HUMBERTO COSTA DE ALMA LAVADA

Visivelmente aliviado com sua absolvição, após ser considerado, por unanimidade, inocente pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) do processo da Máfia dos Vampiros, o ex-ministro da Saúde e atual secretário estadual das Cidades, Humberto Costa (PT), disse se sentir de “alma lavada” e que seu objetivo agora é se preparar para conquistar o Senado. “Coloquei meu nome à disposição do partido para o Senado e vou trabalhar nessa linha”. Humberto disse que imaginava que o TRF acompanharia a posição do Ministério Público Federal, que já havia reconhecido a sua inocência.

Ele lembrou que passou por momentos difíceis, principalmente, durante a campanha eleitoral de 2006, quando o escândalo dos vampiros “foi explorado de uma forma, além de abusiva, completamente distorcida”. “isso interferiu no resultado das eleições”, reclamou, frisando que tinha confiança que “a verdade” iria “aflorar”.

“Todo prejuízo não há como ser reparado. Mas ver a verdade estampada da forma que foi, além do parecer do Ministério Público, uma votação unânime pelo TRF, acho que não deixa nenhuma dúvida que o que aconteceu aqui no Estado de Pernambuco foi lamentavelmente uma grande armação política”, declarou.

Humberto evitou ir ao TRF5 e ficou na Secretaria das Cidades recebendo as informações. Assim que foi comunicado sobre a absolvição por 14 votos a zero, festejou com assessores e foi ao escritório político do deputado federal Pedro Eugênio (PT), onde concedeu entrevista coletiva. Para comemorar o resultado, amigos do petista realizarão uma festa no próximo domingo, no Clube Líbano, no bairro do Pina, a partir das 11h. Na semana que vem, Costa deixará o cargo para concorrer nas eleições, já livre de qualquer acusação.

Tópicos da entrevista

PLANOS

Concluir meu trabalho na Secretaria das Cidades. Semana que vem, estou me desincompatibilizando. Ainda tem algumas ações por concluir, deixar as coisas organizadas para quem for me substituir. Também começar a me preparar para esse debate interno que o PT vai fazer sobre a sucessão. Coloquei meu nome para discussão da representação do partido na chapa majoritária, e eu espero que possa conquistar esses objetivos. Esses são meus planos iniciais.

SENADO

Como eu disse, essa minha decisão de aceitar a convocação do partido para ser senador independia desse resultado. Já tinha dito, anteriormente, que eu condicionei, durante muito tempo, uma coisa a outra. Mas o que eu sentia nas ruas, o que eu sentia nos atores políticos de Pernambuco que isso era uma coisa que não tinha relevância, não tinha importância. Agora é óbvio que, se havia alguém dentro da população que tinha dúvida sobre a minha postura nesse episódio, a minha honestidade, a minha decência, naturalmente que deixam de ter essa dúvida. E isso fortalece qualquer pessoa que está na vida pública disputando espaços importantes.

PRÉVIAS

O entendimento pode surgir, pode acontecer. Agora todos vocês sabem que tanto eu quanto João Paulo temos absoluta confiança na legitimidade que a minha pré-candidatura e a dele têm. Temos confiança na nossa capacidade de vencer e eleger o primeiro senador do PT. Então, se não for possível resolver na negociação, se alguém não abdicar desse pleito em favor do outro, nós temos que decidir na discussão do partido, fraterna, porque essa é a democracia.

AÇÕES

Isso já vem sendo feito desde o ano passado. E alguns casos desde a própria época da eleição. Não estou fazendo isso, nem vou fazer por revanchismo ou qualquer ressentimento. Mas, principalmente, com o objetivo de marcar uma posição que contribua para mudar a política do nosso Estado. Esse pessoal daqui a pouco está candidato, defendendo ideias, fazendo o mesmo tipo de jogo político. Infelizmente muita gente cai nessa conversa. Espero que esse meu exemplo possa ajudar a mudar essa cultura. Acho que vai ser um pouco difícil, na eleição deste ano, ficar fazendo acusação fácil contra qualquer um. Muitos já foram vítimas dessa prática. Sérgio Murilo foi vítima dessa forma de fazer política, Joaquim Francisco, Miguel Arraes, Eduardo Campos, João Paulo. Só que João Paulo conseguiu passar por cima das calúnias, das difamações que foram feitas por duas eleições que ele disputou e ganhou. João da Costa foi vítima dessa prática e eu fui vítima.

EXEMPLO

Espero que esse meu exemplo faça com que esse pessoal seja mais criativo. Defenda ideias, fale de Pernambuco, do que fizeram quando foram governo, não do que propagaram que fizeram. Por essa razão, me sinto na obrigação política e moral, embora do ponto de vista pessoal eu possa perdoar, de ir até o fim com isso. Já ganhei uma ação contra o DEM. Vou até o final em todas as ações para que se complemente a justiça, para que o povo saiba quem são os caluniadores e os mentirosos aqui em Pernambuco.

ARMAÇÃO

As informações são muito fidedignas de que isso aconteceu. Como eu não sou leviano como os que me acusaram, prefiro só no dia que eu tiver absoluta certeza da confirmação levar a público. Mas pelo que eu pude levantar, não há nenhuma dúvida que houve armação política. Mas não estou querendo pensar nisso agora. Depois, com calma, vou resolver essa questão.

JUSTIÇA

Saio absolutamente confiante nas instituições do País. A procuradora aqui de Pernambuco que deu aquele parecer, doutora Regina Menezes, deu uma demonstração de coragem cívica importante. O procurador que hoje (ontem) fez a defesa do parecer do Ministério Público deu também uma demonstração de coragem cívica. Os desembargadores, quando votaram, votaram com o sentido de produzir a justiça. Então, saio hoje com absoluta confiança nessas instituições. Agora, se nessas instituições, como em qualquer instituição, existem pessoas que não conseguem honrar o papel e a responsabilidade que devem ter, aí eu vou analisar se vale a pena dedicar algum espaço do meu tempo para processá-la.

RECUPERAÇÃO

Essa decisão, de certa forma, já resgata a minha história política. Em Pernambuco fui ocupante de várias posições importantes que me orgulharam. Fui vereador do Recife, deputado estadual, deputado federal, secretário de Saúde do Recife, ministro da Saúde, hoje sou secretário das Cidades, fui fundador e dirigente do PT. E por onde eu passei, entrei e saí com as mãos limpas. Sou uma pessoa de classe média, já administrei o terceiro orçamento da Nação. Quem conhece minha vida sabe que eu tenho uma vida austera. Tivesse eu investido na minha vida profissional como médico, certamente, eu teria, hoje, um outro padrão de vida. Na verdade, estou na política por convicção, por idealismo, porque me sinto feliz de poder fazer parte dessa luta.

MARILEIDE ALVES

Fonte - Blog da Jornalista Josélia Maria