Faltaram propostas e sobraram acusações e ofensas, enquanto temas como pandemia e corrupção dominaram os principais blocos do primeiro debate entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) neste segundo turno das eleições presidenciais.
Com um formato diferente - em que cada um dos candidatos podia usar, como quisesse, os 15 minutos que tinham em cada bloco de livres perguntas e respostas -, o debate foi promovido por um pool de veículos de comunicação formado pelo UOL, grupo Bandeirantes, Folha de S.Paulo e TV Cultura.
Pandemia
No primeiro bloco, os adversários concentraram boa parte das suas falas na questão da pandemia de Covid. A todo momento, tanto Lula quanto Bolsonaro tentaram descredibilizar a fala do seu oponente e as palavras mentiroso e corrupto foram as mais ditas. O petista várias vezes acusou o presidente de atrasar a compra das vacinas, ter feito pouco da doença e dos pacientes, propagar remédios sem eficiência, além do fato de terem surgido denúncias de corrupção na compra dos imunizantes. Já Bolsonaro negou que suas falas tenham sido em tom de deboche e alegou que não havia vacina para vender em 2020. Segundo ele, a CPI da Covid não quis investigar a corrupção do Consórcio Nordeste que era comandado por um aliado do petista.
Petrolão
No terceiro e quarto blocos, a corrupção foi o tema mais falado, mais especificamente, sobre os casos do Petrolão e do Orçamento Secreto. “Se houve corrupção na Petrobras, prendeu-se o ladrão que roubou, acabou. Prendeu porque houve investigação, porque no nosso governo nada era escondido”, ressaltou Lula.
"Eu comprei com o orçamento? Eu vetei. Derrubaram o veto. Agora, se eu comprei, eu tenho voto. Vamos supor que o senhor seja deputado, se o senhor recebeu um dinheiro do orçamento secreto, o senhor vai votar comigo. Eu tenho aqui uma lista preliminar, 13 deputados do PT que receberam recurso desse tal orçamento secreto”, alegou Bolsonaro referindo-se à acusação de que teria comprado votos do Centrão para aprovar os seus projetos. Alguns pedidos de resposta foram solicitados ao longo do debate e quase todos foram negados pelos organizadores.
Estratégia
Ainda no terceiro bloco, Lula errou na estratégia de uso dos seus 15 minutos, o que levou Bolsonaro a ter pouco mais de 5 minutos para falar sozinho. Uma de suas falas garantiu o direito de resposta a Lula.
No quarto e último bloco, nas considerações finais, Bolsonaro usou seu tempo para falar da pauta de costumes e disse que “quer um país sem drogas. Não queremos liberar as drogas, respeitamos a vida desde a sua concepção, respeito ao homem do campo, pelo direito a legítima defesa. E não o país do retrocesso e da roubalheira". Já Lula falou novamente da pauta da fome e disse que "quero governar priorizando o cuidado com o povo. 33 milhões de pessoas passando fome, as pessoas na fila do osso".
Por Betânia Santana e Pupi Rosenthal - Folha de Pernambuco
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