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domingo, 29 de maio de 2016

PROTESTO - CRUCIFICADA EM 2015, MODELO LEVA BÍBLIA PARA A PARADA GAY EM SÃO PAULO

Conhecida por encenar uma crucificação na Avenida Paulista em 2015, a modelo transexual Viviany Beleboni, de 28 anos, resolveu usar neste ano uma fantasia de Justiça e segurar uma Bíblia, com uma cruz sangrando e a frase "Bancada evangélica: retrocesso". O carro onde ela desfila expõe uma faixa de "Fora Temer".

Segundo afirma, a ideia da fantasia é representar a Lei de Igualdade de Gênero para travestis e transexuais, tema da Parada LGBT em 2016. "Eu não penso em fazer polêmica. Quero mostrar a Justiça com uma faixa preta que tampa a visão. A Bíblia é para representar a bancada evangélica, que significa retrocesso para mulheres e LGBT." A modelo também colou notas de dólar na parte interna da bíblia. "Representa o dinheiro do povo, a forma como eles da bancada chegam ao poder."

"No ano passado, me acusaram de vilipendiar um símbolo sagrado por causa da crucificação. Era uma cruz feita dois dias antes na marcenaria, eu não tirei nada da Igreja", disse. "Neste ano, a Bíblia é só um fichário imenso. É artístico, não é vilipendiar. Vilipendiar é vender sabão em pó a R$ 70 na igreja e pedir número de cartão de crédito dos fiéis."

Para Viviany, a encenação faz parte da militância. "Travestis e transexuais são os mais prejudicados. Gay, quando não aparenta não ser, ainda consegue sair na rua, consegue emprego. Nós, não" disse. "O Brasil está muito atrasado em tudo."

A modelo também afirmou que chegou a receber ameaças, mas não se mostrou preocupada. "Disseram que iam atirar em mim na Parada. Ainda estou esperando", afirmou. Ela não quis comentar a faixa de "Fora Temer" do carro. "Só tenho a dizer que precisamos de eleições gerais. É uma democracia ou teocracia?"

Laerte

Livre de um torcicolo que a impediu de participar da última edição, a cartunista Laerte afirmou que os acontecimentos recentes no Brasil reforçam a importância da Parada LGBT.

"A conjuntura política e o fato do Rio de Janeiro (estupro coletivo de uma jovem de 16 anos), tudo isso enriquece as pautas da Parada", disse Laerte. "Pelo que eu pude acompanhar, todos esses discursos (de luta) estão representados aqui."

Na Paulista, Laerte veio manifestar apoio a Lei de Igualdade de Gêneros. "É o melhor projeto que apareceu até hoje para dar liberdade de gênero sem precisar de cirurgia, nem nada", disse. "Mas a luta para aprovação vai exigir um empenho que eu não sei se nos temos ainda."

Da Agência Estado/ Diário de Pernambuco

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