O cuidado com a gripe precisa ser intensificado a partir da próxima semana. Junho marca o início da chamada temporada da doença, que segue até agosto. Diante da antecipação do surgimento de casos de H1N1 no Brasil, a expectativa é de que o número “extrapole e muito o que foi observado para o mesmo período nos anos anteriores”. A informação foi antecipada pelo presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arbovirose (SBDA), o infectologista Artur Timerman, durante participação, no sábado passado, no Recife, de evento para adolescentes sobre conscientização e prevenção contra a influenza.
Os casos de influenza H1N1, conhecida por provocar uma pandemia em 2009, começaram a ser notificados no Brasil em novembro de 2015. Até o dia 9 de maio deste ano, segundo dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, foram registrados 2,8 mil casos de gripe no país, dos quais 2,3 mil por H1N1. A doença já provocou mais de 500 mortes nesse mesmo período, sendo a maioria delas em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em Goiás.
“O Brasil está vivendo três grandes epidemias transmitidas pelo Aedes e, de repente, antes do tempo, começam os casos de gripe. Ter casos de gripe em novembro é excepcional e não há uma explicação muito objetiva para isso”, acrescentou Timerman.
Os especialistas atribuem a antecipação às condições climáticas favoráveis no Sudeste, de chover muito e fazer muito calor, e ao intenso tráfego aéreo sentido Miami e Orlando, nos Estados Unidos - entre novembro e fevereiro, a média foi de 17 voos por dia saindo de São Paulo para esses destinos. O perfil do vírus da influenza H1N1 identificado na capital paulista é o mesmo que está circulando com intensidade nesses locais.
Mesmo assim, pessoas de todos os estados devem permanecer em alerta, explicam os especialistas. Em Pernambuco, até o dia 14 de maio, eram 75 casos de H1N1 e 12 mortes. Se considerada a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), a forma mais grave de gripe, provocada também por outros tipos de vírus, foram 37 óbitos. “É comum pensar na transmissão de forma direta, a tosse, o espirro. Mas um dos principais modos de transmissão da gripe é o indireto”, detalhou o presidente da SBDA.
A forma indireta de transmissão é quando as partículas ficam em objetos e uma segunda pessoa toca com as mãos neles. O período chuvoso potencializa as chances de contrair o vírus da gripe porque faz com que as pessoas permaneçam juntas mais tempo em ambientes fechados ou se aglomerem em espaços pequenos para se proteger da chuva, por exemplo.
Em Pernambuco, afirmou o infectologista Vladimir Guimarães, as notificações começaram após o carnaval, época de grande concentração de pessoas e movimentação de turistas de outros estado do país, como São Paulo. Diante da proximidade do período de inverno, a recomendação é lavar as mãos o máximo de tempo possível, evitar compartilhar utensílios e procurar uma unidade de saúde se permanecer mais de três dias com os sintomas. “É importante frisar que, com sintomas, as pessoas devem evitar ir ao trabalho. O ideal é ficar em casa, para evitar a transmissão “, detalhou Vladimir Guimarães.
Pernambuco - Pernambuco segue um padrão diferente no registro de mortes por H1N1 do restante do país. Enquanto na estatística brasileira, 25% dos óbitos acontece em idosos, no estado ainda não foi registrada nenhuma morte pela doença na faixa etária de pessoas acima de 60 anos. Por outro lado, a maioria dos óbitos, afirmou o infectologista Vladimir Guimarães, acontece em pessoas menores de 20 anos. Durante a Semana de Prevenção Contra a Gripe, realizada pela Takeda Farmacêutica em Pernambuco, adolescentes de 12 a 15 anos atendidos pelo Movimento Pró-Criança foram orientados sobre os cuidados com a doença.
Eles participaram de atividades durante cinco dias, com a realização de um vídeo sobre os aprendizados. Weslley Rodrigues, 14 anos, foi um dos meninos que assistiram as aulas. Entre os conhecimentos obtidos, o de diferenciar gripe de resfriado. “Achava que gripe não matava ninguém, era só uma virose. Agora sei da gravidade e comecei a lavar as mãos todo dia, o tempo todo. Quando chego em casa e também quando vou dormir”, disse. O amigo Samuel Cavalcante, 14, passou a cobrar até os pais. “Se a minha mãe pede para fazer, também tem que participar”, brincou.
“Os jovens são agentes transformadores da sociedade, então eles vão ajudar a disseminar o aprendizado sobre os cuidados com a gripe. O desafio é não só informar os pais, mas também a comunidade. Ajudar a traduzir a informação técnica”, afirmou o vice presidente da Takeda, Jun Celso Eguti.
Do Diário de Pernambuco
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