Desde abril de 2020, o Cepan trabalha na elaboração de um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) específico para a região do Araripe, contemplando suas necessidades e características. O desafio do projeto é restaurar o capital natural na APA Chapada do Araripe e no entorno da Floresta Nacional (FLONA) do Araripe-Apodi através de oportunidades socioeconômicas para a população local.
“Nossa intenção é movimentar uma cadeia produtiva da restauração, ligando e potencializando os seus elos, e gerando oportunidades de renda para as famílias envolvidas”, comenta Emanuelle Souza, analista de projetos do Cepan à frente da iniciativa. Através de um edital de convocação e contatos estratégicos, o Cepan já identificou 57 atores diretamente ligados à cadeia produtiva, entre viveiristas, agrofloresteiros, brigadistas, órgãos de gestão, entre outros.
Em setembro, o Cepan visitou pessoalmente iniciativas, visando formalizar uma frente de restauração para a região. Foram visitados o Viveiro Municipal do Crato, a Sociedade Anônima de Água e Esgoto do Crato, a ONG BEATOS e a Associação dos Agricultores(as) Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia). A instituição reuniu-se ainda com conselheiros e gestores do Núcleo de Gestão Integrada Araripe – responsáveis pelas Unidades de Conservação (UCs) que são alvos do projeto. Dialogou também com comunidades como Chico Gomes, Terreiro das Pretas e proprietários dos Sítios Araçá, Pau Preto e Estrela. Foram identificadas iniciativas como a Estação de Permacultura Zaíla Lavor, na instituição de mesmo nome, e o sítio do Sr. Manoel Pedroza, que executa atividade de coleta de sementes.
Novamente em visita à Chapada do Araripe neste fim de ano, a instituição iniciou os planejamentos para execução das primeiras restaurações a partir de janeiro, em propriedades que já aderiram ao projeto. O intuito é identificar mais áreas a serem beneficiadas com reflorestamento ou sistemas agroflorestais. Além disso, o Cepan quer mobilizar potenciais coletores de sementes e produtores de insumos, principalmente os oriundos de comunidades extrativistas, que poderão compor o início de uma Rede de Sementes nativas da região, iniciativa fundamental para conduzir a restauração.
A Chapada do Araripe se encontra no domínio da Caatinga, um dos biomas mais ameaçados do mundo e que em 2020 apresentou centenas de focos de calor e também alto índice de desertificação. A região também abriga vários tipos de fitofisionomias, como mata úmida, cerrado e carrasco, que atribuem à Chapada características únicas. “Recuperar esse bioma é urgente não só para proteger a biodiversidade, mas também para garantir o bem-estar das populações que ali vivem e usufruem dos serviços ecossistêmicos”, argumenta Emanuelle.
Interessados em aderir ou colaborar com o projeto podem sinalizar através dos e-mails araripe@cepan.org.br e emanuelle@cepan.org.br, ou ainda através de telefone (81) 99874-0185.
SOBRE A INICIATIVA - O Projeto “Recuperação de Áreas Degradadas na Chapada do Araripe” é conduzido pelo Cepan com apoio do Projeto GEF Terrestre, em parceria com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) por meio do Ministério do Meio Ambiente e do Governo Federal. Mais informações: https://cepan.org.br/recuperacao-de-areas-degradadas-na-chapada-do-araripe/.
SOBRE O CEPAN – O Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste é uma instituição privada sem fins lucrativos, fundada no ano 2000, que tem como missão gerar e divulgar soluções estratégicas para a conservação da biodiversidade mediante ciência, formação de pessoas e diálogo com a sociedade. Com sede no Recife/PE, atua em planejamento, coordenação e execução de projetos de conservação da biodiversidade brasileira em consonância com seus Programas: Valoração do Capital Natural, Apoio à Conservação da Fauna e Flora, Indução e Implementação de Políticas Públicas Ambientais e Conservação de Áreas Costeiro-Marinho. Suas atividades se dão via parcerias com entidades locais, regionais, nacionais e de outros países, além de diversas instituições do primeiro, do segundo e do terceiro setor.
Por Milton Raulino
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