O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse tentará colocar a reforma da Previdência em votação ainda este ano. Ele admitiu, contudo, que a base aliada do governo ainda tem distância grande a percorrer para o total de votos necessários para passar a medida na Câmara. O cálculo é que seriam necessários contar com os 330 parlamentares da base.
Maia afirmou que houve avanços nas reuniões com líderes de partidos e bancadas no último final de semana e que recebeu dos políticos o compromisso de votar com o governo. Ele também evitou dizer quantos votos a base possui atualmente e quantos precisará conquistar para aprovar a medida sem correr riscos.
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O presidente rechaçou a possibilidade de deixar as discussões para depois das eleições de outubro do ano que vem, ao dizer que quanto mais passa o tempo, o déficit das contas públicas aumenta. "O déficit esse ano com a Previdência é de R$ 50 bilhões. Se esperarmos a eleição, vai para R$ 100 bilhões. Que presidente irá governar com um rombo desse tamanho? Não terá dinheiro para educação, saúde, enfim. Quanto mais rápido votarmos, melhor para as contas públicas", disse, após palestrar em evento para empresários no Rio.
Segundo Maia, a não votação da Previdência poderá acarretar em quadro de reversão dos indicadores econômicos projetados para o ano que vem. "O PIB, que se espera alta de 1,5% no ano que vem, certamente não crescerá isso. O desemprego, que está caindo, pode parar de cair. Ai você terá inflação, a volta dos juros e todo esse quadro de recuperação deixa de existir. É dramático", afirmou.
Maia reforçou que conta com os votos do PSDB, partido que está às voltas entre desembarcar ou não da base de apoio do presidente Michel Temer. Ele disse que há no Brasil um debate que pretende aglutinar questões eleitorais com a aprovação da reforma da Previdência. Maia reafirmou que o PSDB é alinhado com a agenda de reformas do governo, que agora fala em lançar candidatura própria para o ano que vem. "O PSDB está firme [conosco na aprovação da reforma]. Não é justo que se trate o PSDB dessa forma. Ninguém terá 100% dos votos na base aliada, mas sem o PSDB não tem reforma", disse.
Maia criticou o tom político da entrevista do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, à Folha de S.Paulo, publicada nesta segunda-feira (4). Meirelles afirmou que o governo terá candidato no ano que vem e ele não será o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). O presidente da Câmara disse que Meirelles faz trabalho exemplar à frente do ministério, mas que não deveria entrar na discussão eleitoral.
"A entrevista foi num momento inadequado. Para alguém que não é ator político natural, [a forma com que ele se posicionou] atrapalha", disse. Maia se referia à fala de Meirelles sobre o PSDB e a intenção do governo de ter candidato próprio. O presidente da Câmara reforçou a necessidade de se separar o debate eleitoral do da reforma. Segundo ele, a "responsabilidade fiscal precisa estar separada da ideologia". "Sem reforma, qualquer candidato que prometer algo na eleição estará mentindo".
Mais cedo, em agenda em São Paulo, Maia disse que seria um "sonho" disputar a presidência do país. Temer teria manifestado o desejo de que uma chapa Meirelles-Maia disputasse pelo lado governista em 2018. Maia, no entanto, disse que, apesar de querer disputar um cargo no Executivo no futuro, agora não seria o momento ideal.
Ele lembrou que tem baixa votação em seu Estado (RJ). Disse que não teria condições de se eleger a governador do Rio em 2018, tampouco presidente do país. Afirmou que tentará nova eleição a deputado federal no próximo pleito.
Maia está no quinto mandato de deputado federal. Ele foi eleito em 2014 com 53.167 no Estado do Rio. Só entrou por conta do quociente eleitoral em razão da coligação entre DEM, PSDB e PPS. Sua maior votação, até então, foi em 2006, quando obteve 235.111 votos. Em 2012, tentou a Prefeitura do Rio, em chapa com a filha do ex-governador Anthony Garotinho, Clarissa Garotinho, então no PR. Ficou em terceiro lugar, com pouco mais de 96 mil votos. Eduardo Paes (PMDB) levou no primeiro turno com 2,1 milhões de votos.
Da Agência Brasil
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