“A iniciativa surge como uma necessidade de levar água para escolas da zona rural, ao mesmo tempo em que percebe a fragilidade no debate sobre temas do cotidiano dos/as alunos que vivem no Semiárido. Nesse sentido, o projeto é um convite à reflexão sobre a educação contextualizada e nasce com esse compromisso de envolver a comunidade escolar nas discussões que vão além dessa problemática da escassez e gestão dos recursos hídricos na região”. Esta fala da coordenadora pedagógica do projeto no Centro de Habilitação e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe (Chapada), Valéria Landim, dialoga com os resultados alcançados ao longo de seis meses de execução nos Sertões do Araripe e São Francisco.
O projeto é desenvolvido pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), e conta com o apoio do Governo Federal, através do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. Nesta etapa do projeto, foram construídas 46 cisternas com capacidade para armazenar 52 mil litros de água nos municípios de Araripina, Cabrobó e Orocó. A ideia foi beneficiar não somente estudantes da rede municipal de ensino, mas envolver pais, professores/as, merendeiras e auxiliares de serviços gerais no processo de discussão das temáticas e da agroecologia para melhor conviver com o Semiárido.
“O Cisternas nas Escolas engloba um conjunto de formações, que vem com a proposta da educação contextualizada para a convivência com o Semiárido. De uma educação do campo para o campo, mais inclusiva, descolonizadora. A iniciativa considera a importância de respeitar, valorizar e difundir os diversos saberes produzidos pelos povos que vivem no Semiárido brasileiro, provocando nestes o sentimento de pertencerem ao campo, que é lugar rico de possibilidades e tão diverso em aspectos culturais e naturais. Uma educação que respeita o protagonismo dos/as agricultores/as que lutam, resistem e transformam a região semiárida ao longo do tempo”, avalia o assessor técnico do Projeto Cisternas nas Escolas, Cesar Santos.
Durante o período de implementação do projeto, professores/as e auxiliares de serviços gerais puderam participar de vários momentos de formação, colocando a educação contextualizada no centro do debate, com a valorosa missão de sensibilizar educadores/as sobre a importância da interação comunidade e escola. “O que mais me chamou atenção foi a troca de conhecimento entre os meus colegas, o debate sobre o nosso bioma caatinga e como trabalhar com os alunos considerando os saberes que eles já têm”, afirma a professora da Escola Professora Praxedes, município de Araripina, Hélia Cristina.
Para Ana Silvia, a capacitação foi importante principalmente em relação aos cuidados no uso da água e manipulação dos alimentos. “Havia uma grande dificuldade em conseguir água suficiente e de qualidade para o bom funcionamento da escola, principalmente para fazer a merenda dos alunos. Com a cisterna essa necessidade foi suprida e os momentos de formação aumentaram os conhecimentos sobre a água como um todo”, resume a auxiliar de serviços gerais da Escola Serra do Aperto, em Araripina.
Abaixo, tabela com os componentes do Projeto Cisternas nas Escolas:
Componente
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Quantidade
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Carga horária
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Encontro Comissão Municipal
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1 encontro
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16 horas
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Encontro Territorial
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2 encontros
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4 horas/cada
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Encontro Comunidade Local
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46 encontros
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8 horas/cada
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Gestão de Recursos Hídricos Escolar
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3 formações
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16 horas/cada
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Oficinas de Educação Contextualizada
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12 formações
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16 horas/cada
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Capacitação de Pedreiros
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1 formação
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90 horas
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