O Brasil bateu, em 2021, um vergonhoso recorde mundial: 5 mil mortes por tuberculose. Por causa disso, o Ministério da Saúde lançou, ontem, a Campanha Nacional de Combate à Tuberculose, cujo objetivo é informar a população sobre a gravidade da doença e que o acesso ao tratamento é fácil e ao alcance de todos.
Segundo a pasta, as principais vítimas da tuberculose são as populações consideradas vulneráveis — pessoas em situação de rua, indígenas, refugiados, pessoas com HIV/Aids e a população carcerária. "Entendemos que são populações e grupos populacionais negligenciados. O foco é nas pessoas e não nas doenças", explicou a ministra Nísia Trindade, no lançamento da campanha.
Casos graves de tuberculose são prevenidos pela vacina BCG, recomendada pelo Calendário Nacional de Vacinação ainda na infância e que pode ser aplicada logo após o nascimento. Até 2018, o índice de imunização se mantinha acima de 95%, mas, desde 2019, a cobertura não passou dos 88%.
Outro foco da campanha são os profissionais de saúde, que nem sempre estão informados sobre a doença, sintomas, formas de transmissão, prevenção, diagnóstico e tratamento. Além de ampliar o acesso ao diagnóstico e às ações de prevenção, Nísia anunciou que Brasil, Índia e Indonésia firmarão o compromisso para ter a tuberculose como uma prioridade para a agenda do G20 — grupo que reúne as 20 maiores economias do planeta.
A tuberculose é a segunda doença infecciosa que mais mata no mundo e apenas 50% dos infectados são diagnosticados, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Brasil está entre os 30 países com maior índice de transmissão da doença.
De 2021 para 2022, o número de casos aumentou 5% no país e foram detectados 78.057 novos registros positivos ano passado. A incidência também cresceu 1,4%, mesmo depois de ter diminuído aproximadamente 2% nas últimas duas décadas.
Os estados de Amazonas (84,1 casos por 100 mil habitantes), Roraima (75,9/100 mil) e Rio de Janeiro (68,6/100 mil) são os que apresentam maior risco de adoecimento para suas populações. Treze unidades da Federação registraram coeficiente de incidência superior ao nacional — de 36,3/100 mil.
A pandemia de Covid-19 também agravou o cenário da tuberculose, uma vez que provocou a redução de notificações sobre a doença. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a crise sanitária e o novo coronavírus limitaram os testes e o tratamento.
Segundo a médica Grasielle Santana, pneumologista do Hospital Santa Lúcia, a tuberculose é responsável por mais de um milhão de mortes por ano em todo o planeta, daí por que a importância da vacina, do diagnóstico e do tratamento correto. "O desincentivo à imunização tem relação com os não imunizados da tuberculose. Campanhas a favor da conscientização contra tuberculose podem ajudar a melhorar esses índices", afirmou.
Ela salienta que o diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento no tempo correto e aumentar as chances de cura, principalmente entre a população que tem maior risco para sintomas graves. Grasielle explica que a tuberculose tem o acometimento mais comum no pulmão, mas também pode afetar outros órgãos e sistemas.
"O tratamento é com antibióticos e dura uns seis meses. É gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Deve ser realizado acompanhado por equipe multidisciplinar", observa.
Por Mariana Albuquerque - Correio Braziliense
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