Experiências sensoriais são determinantes no desenvolvimento cognitivo das crianças. Praias, parques, barulho de buzinas, de animais, da chuva, contato com pessoas de todas as idades são estímulos fundamentais para a formação dos pequenos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), seguindo o marco do desenvolvimento, as crianças devem aprender a falar nos dois primeiros anos de vida.
As primeiras palavras são esperadas até os 15 meses e aos dois anos a fala já deve ser funcional, inclusive com frases curtas. Para a especialista, o confinamento também acabou alertando aos pais por situações que podiam estar passando despercebidas no dia a dia. O caso da pequena Sofia foge um pouco dessa realidade. Com dois anos e meio, Sofia apresenta dificuldade para se comunicar pela fala.
A situação foi identificada pela mãe, Suelayne Manoela, 30, que imediatamente procurou um profissional em busca de solução. De acordo com a fonoaudióloga, Karina Oliveira, a procura de famílias ao consultório para tratar atrasos no desenvolvimento da fala e da linguagem em crianças com idade entre um ano e meio e dois anos aumentou consideravelmente nos últimos meses. “É real o aumento no número de crianças que estão apresentando dificuldade na fala devido ao isolamento social, provocado pela pandemia de Covid-19”, explica.
A profissional justifica que o retardo vem se dando devido à falta de estímulo, vivência e interação das crianças com outras crianças e até mesmo com outros adultos, além de seus pais e responsáveis. “Nesta idade, entre 1 ano e meio e 2 anos, essas faltas causam um impacto grande. O ambiente em que a criança vive é determinante para o seu desenvolvimento cerebral. Sua rede, seus contatos diários afetam diretamente diferentes partes cognitivas. É preciso estimulá-las em casa e, dependendo do nível de comprometimento, tratar com a ajuda de um profissional especializado”, detalha Karina.
Há quase um ano de pandemia, é inegável as mudanças acarretadas para todas as faixas etárias, mas a primeira infância foi uma das mais comprometidas, visto que o desenvolvimento desse público se dá especialmente pelas experiências vividas. A limitação de pessoas para socializar pode dificultar o processo de evolução. “Sofia já vinha falando algumas palavras, mas com a pandemia parece que desacelerou de vez. Ficamos muito preocupados. Conversei com amigos que têm filhos quase na mesma idade, procurei informações na internet e acabamos buscando ajuda médica”, explica a mãe da menina.
Ainda não há levantamentos oficiais no Brasil, mas um estudo feito no ano passado pela província chinesa de Xianxim, com 320 crianças e adolescentes, apontou que na pandemia os efeitos psicológicos mais evidentes foram: dependência excessiva dos pais (36%), desatenção (32%), preocupação (29%), problemas de sono (21%), falta de apetite (18%), pesadelos (14%) e desconforto e agitação (13%).
Fonte - Diário de Pernambuco
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