O Ministério do Meio Ambiente (MMA) anunciou ontem um plano de cinco anos para reintroduzir a ararinha-azul no seu hábitat original: a Caatinga do norte da Bahia. Considerada extinta na natureza há mais de 15 anos, a espécie (Cyanopsitta spixii) que inspirou a história do filme Rio só existe hoje em cativeiro, e a maioria dos exemplares está em criadouros particulares fora do Brasil.
O plano prevê a criação de uma área protegida e a construção de um Centro de Reintrodução e Reprodução da Ararinha-Azul em Curaçá, município baiano, na divisa com Pernambuco, onde a espécie costumava ocorrer. Segundo o ministério, os esforços para criação de uma unidade de conservação na região "já estão em fase avançada" e deverão ser levados para consulta pública em breve.
A construção do centro de reintrodução deverá custar US$ 1,5 milhão. O projeto será bancado com apoio das instituições parceiras do plano: a Al Wabra Wildlife Preservation (AWWP), do Catar; a Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), da Alemanha; a Parrots International, dos EUA; o Jurong Bird Park, de Cingapura; Fazenda Cachoeira e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no Brasil.
Segundo o cronograma, o centro deverá ficar pronto em 2018, para dar suporte à primeira soltura de ararinhas-azuis na natureza em 2019. Os animais serão monitorados por dois anos, e a experiência adquirida nesse período será usada para uma segunda soltura, em 2021. Antes disso, será feita uma soltura de teste com maracanãs, uma espécie de arara que não está ameaçada e pode conviver com as ararinhas-azuis na natureza.
Atualmente, há 128 ararinhas-azuis em cativeiro no mundo - a maioria nos criadouros do Catar e da Alemanha, que nos últimos anos vêm trabalhando em parceria com o governo brasileiro no sentido de reproduzir a espécie e reintroduzi-la na natureza. Pelo acordo assinado ontem, os parceiros internacionais se comprometem a enviar 70% do filhotes nascidos sob sua guarda nos próximos anos para o projeto de reintrodução. Por enquanto, a instituição responsável por guardar e reproduzir ararinhas-azuis no Brasil é o Criadouro Fazenda Cachoeira, em Minas Gerais.
Ave misteriosa
No final de junho foi anunciado que uma ararinha-azul foi avistada na natureza em Curaçá, por várias pessoas. Uma moradora chegou até a fazer um vídeo dela voando, mas o paradeiro da ave desde então é desconhecido. O Ministério do Meio Ambiente informou ontem que uma equipe do ICMBio rodou a região, com apoio da comunidade, e que a ave foi ouvida, mas não foi avistada.
A identificação da espécie com base nas imagens e no áudio do vídeo é polêmica. Há quem diga que o grito dela se parece mais com o de uma arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) do que o de uma ararinha-azul. Mas, sem encontrar a ave, não há como ter certeza. Se for uma ararinha-azul, é possível que ela tenha sido solta por algum criador não autorizado. Alguns conservacionistas criticaram a divulgação do vídeo, acreditando que isso coloca a ararinha em risco.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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