O alerta para o risco de uma nova epidemia de Aids voltou a soar esta semana, após relatório divulgado pela Junta de Coordenação do Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS). No Brasil, a quantidade de pessoas infectadas pelo vírus cresceu. Em 2010, foram registrados 43 casos novos, enquanto em 2015 contabilizaram-se 44 mil novos registros. Considerando números globais, as taxas tiveram apenas um pequeno declínio (passou de 2,2 milhão para 2,1 milhão). Mas, além das estatísticas, o que faz o momento preocupante é a conjuntura.
Houve uma retração nos financiadores de campanhas voltadas para a prevenção da doença. Estima-se um déficit de 30% em 2016 com relação às promessas de recursos para combater a Aids e implementar ações contra o vírus. No Brasil, os últimos dados dão conta que somente 55% dos cidadãos vivendo com a doença recebem terapia (o que corresponde a 452 mil pessoas).
No geral, o estudo mostra uma estagnação grande no que toca à mobilização contra a Aids, se comparada àquela vista nos primeiros dez anos do Século 21. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, a Junta de Coordenação da agência da ONU diz que - caso não haja um investimento mais consistente para se contrapor à Aids no mundo - não há como decretar o fim da epidemia em 2030, como era previsto. Pior, outra epidemia precisaria ser debelada. Uma média de 78 milhões de pessoas já foram infectadas e, dessas, 35 milhões morreram de doenças ligadas à Aids ao londo de 35 anos no planeta.
Do relatório divulgado, importante frisar um relevante apelo feito: para que os governos apostem na capacitação da sociedade civil para lidar com a epidemia e no combate para que outras pessoas sejam infectadas pelo HIV/Aids. Seria necessário “um investimento sustentável” engajando a própria comunidade, com grupos de pessoas mais afetadas, que vivem com HIV ou que sofreram com ela, assim como a atuação voltada para gays e outros homens que fazem sexo com homens, usuários de droga, trabalhadores do sexo, transsexuais e pessoas privadas de liberdade.
Mas é bom que se ressalte que cabe a cada um o compromisso para evitar que uma nova epidemia tome conta. Isso porque educação sexual é prevenção, combate, e essa é uma lição que pode ser dada dentro de casa, sobretudo aos jovens, tidos como parte vulnerável da população.
Do Diário de Pernambuco
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