O Nordeste enfrenta a pior seca dos últimos 30 anos. Em Pernambuco, segundo relatório do Instituto Agronômico do Estado (IPA), 100% das lavouras de milho e feijão nas cidades sertanejas foram perdidas. No Ceará, a estiagem já causa a redução de 70% da colheita em comparação ao ano de 2011. Na Bahia, onde a presidente Dilma Rousseff se reúniu sexta-feira (9) com governadores do Nordeste para debater o problema da seca, a perda na produção agrícola chega a 40%.
Com o objetivo de reduzir os prejuízos provocados pela seca para agropecuária do Nordeste - que de acordo com o Governo Federal este ano podem superar os R$ 12 bilhões, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com sede em Brasília, desenvolveram plantas transgênicas capazes de resistir a longos períodos de estiagem.
Após constatar que o café possui uma grande resistência à falta de água, os pesquisadores mapearam a planta e identificaram cerca de 30 mil genes diferentes. "Procuramos pelos chamados genes de estresse hídrico, que se adaptam melhor aos períodos de estiagem. Após identificá-lo, introduzimos o gene nas plantas transgênicas modelos", explicou o coordenador de projetos de Transgenia e Biossegurança da Empraba, Eduardo Romano.
O gene de café, chamado de CAHB12, já foi introduzido em alguns dos principais produtos de exportação brasileira, como feijão, cana-de-açúcar, soja, arroz, trigo e algodão. Os resultados obtidos são considerados bastante positivos. As plantas que receberam o gene foram submetidas a um regime de 40 dias sem água e permaneceram saudáveis, enquanto plantas que não receberam o gene morreram após 15 dias. "As plantas também apresentaram resistência ao estresse salino, outro problema provocado pela estiagem", explicou o pesquisador.
A previsão é de que as sementes sejam disponibilizadas no mercado daqui a cinco anos, após a validação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. O projeto está orçado em US$ 2 milhões e ainda pode ser aprimorado.
Atualmente, os pesquisadores estão estudando o mapa genético da planta Opuntia Cochellifera - cacto conhecido no sertão Nordestino como "Palma" e que se adapta bem a longos períodos sem chuva. "Ao introduzirmos um segundo gene, podemos melhorar ainda mais a qualidade das sementes", explicou Romano.
FEIJÃO - O pesquisador afirmou ainda que é possível reunir, na mesma semente de feijão, o gene do café e o gene desenvolvido para combater o vírus mosaico dourado, praga que destrói anualmente de 90 mil a 280 mil toneladas de feijoeiros no País. "Assim teremos uma semente resistente à seca e à principal praga da América Latina", disse.
Do NE10/Blog do Fredson/Portal Araripina
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