ARARIPINA
sábado, 17 de outubro de 2009
ENSINO PÚBLICO - MÉDIA SALARIAL DE DOCENTE NO ESTADO É PIOR DO PAÍS
O ano de 2008 ficará marcado para os professores de escolas públicas em Pernambuco, mas por causa de um título que eles não gostariam de ostentar. O Estado teve a pior média salarial do Brasil na educação básica, segundo o Ministério da Educação (MEC): R$ 982.
É a única unidade da federação com remuneração total abaixo de R$ 1.000. Comparando com o Distrito Federal, melhor pagador do País, a diferença é de 242%. O levantamento, organizado pela assessoria do ministro a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considera apenas docentes das redes municipais e da Estadual.
As tabelas do MEC traçam ainda a evolução salarial de 2003 a 2008. Nesse período, os educadores que atuam nas redes públicas de Pernambuco obtiveram aumento de 40,09%, melhor apenas que os colegas de Minas Gerais (38,22%), Rondônia (37,93%) e Amapá (35,26%). Só que, em 2003, os pernambucanos não recebiam o pior contracheque. Eram os piauienses, com R$ 539. Mas estes conseguiram dar um salto de 105% ao final desses cinco anos.
Desde janeiro, o governo estadual paga mais que o piso salarial nacional, de R$ 950. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação, são R$ 1.606 de média. É que o cálculo do ministério leva em conta salários pagos também pelos municípios, que puxam os números para baixo. No entanto, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado (Sintepe) diz que o valor divulgado pelo governo não é real.
“O Estado está mentindo. Nosso salário fica em torno de R$ 1.200, mas continua menor que a média nacional (R$ 1.527). Por isso não é novidade que estejamos em último lugar nesse ranking do ministério.
Dizemos isso há anos”, rebate o presidente do Sintepe, Heleno Araújo. Conforme o sindicalista, a situação dos profissionais com nível médio melhorou, porém os que possuem diploma de nível superior não tiveram aumento significativo nos últimos anos.
Para quem encara a lousa diariamente, receber R$ 3.360 por mês, como os docentes do Distrito Federal, é um sonho. “Se tivéssemos um salário decente, não precisaríamos manter dois vínculos com o Estado. Mesmo que concedessem 100% de reajuste, ainda não seria o ideal”, critica Paulo Vasconcelos, 48, que há 20 anos leciona português e inglês na rede estadual.
O professor de química Giovanni Falangola, 41, trabalha os três turnos de segunda a quinta-feira. No fim do mês, o contracheque não ultrapassa R$ 1.040. Sua colega Felicine Costa de Lucena, 31, que ensina língua portuguesa, diz que a extensa jornada interfere diretamente na qualidade do ensino oferecido aos alunos. “Não temos hora para almoçar, quanto mais para pesquisar”, queixa-se ela, que ingressou na rede quatro anos atrás.
A Secretaria de Educação do Estado alega, por sua vez, que os educadores usufruem de vantagens como o Bônus de Desempenho Educacional (BDE), espécie de 14º salário. O governo afirma ter oferecido ainda 50 mil capacitações e três mil cursos de especialização e extensão, além de garantir notebook para 26 mil professores.
NACIONAL
Além de Pernambuco, outros 15 Estados estão abaixo da média salarial nacional, segundo o levantamento do MEC. Entre os 12 que superaram a marca, há apenas um nordestino: Sergipe, com remuneração de R$ 1.611. Por outro lado, quatro dos sete Estados do Norte entram nesse grupo: Roraima, Acre, Amapá e Amazonas. Do Sul, somente Santa Catarina amarga salário abaixo da média do País.
No que diz respeito ao ganho percentual de 2003 a 2008, Sergipe também beneficiou mais seus professores. Concedeu 124% de aumento no período. Alagoas mais que dobrou os vencimentos dos docentes, assim como Distrito Federal e Piauí. Mas todos, sem exceção, evoluíram.
Fonte-JC
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