O Brasil ultrapassa uma epidemia de Dengue com mais de 2,3 milhões de casos prováveis e 830 mortes, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde na última quarta-feira (27). Essa realidade deve refletir também na economia do país, causando um impacto que pode chegar até R$ 20,3 bilhões na economia nacional durante este ano, ou o equivalente a 0,2% do do Produto Interno Bruto (PIB). É o que aponta o Estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), divulgado em março deste ano.
A pesquisa considera três arboviroses, dengue, zika e chikungunya, em um cenário projetado com 4,2 milhões de infectados no Brasil. A estimativa foi feita com base na divulgação do Ministério da Saúde para o ano de 2024, que até agora já registrou mais de 2,3 milhões de casos de dengue no Brasil em 2024.
O estudo da Fiemg indica que o aumento dos casos de dengue pode levar a uma redução de até R$ 7 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A queda na produção econômica está relacionada à redução da produtividade, já que as pessos afetadas acabam passando por período de afastamento do trabalho para poder retornar à atividade.
O economista André Magalhães aponta a dificuldade de projetar uma expectativa para o futuro porque, de acordo com ele, não parece haver uma política efetiva por parte do governo federal, dos estados e municípios para combater isso. "É um impacto de menos de 0,2% no PIB, mas não deixa de ser ruim por afetar a economia, pelo menos é o que está sendo estimado. A situação está muito forte na região do sudeste, mas nada impede que a gente tenha esse efeito se espalhando mais pelo país", disse.
Ainda segundo os dados, 60% das pessoas infectadas correspondem à população economicamente ativa. "Seis em cada dez infectados são trabalhadores e isso mostra como a dengue pode atingir a força de trabalho nas regiões mais afetadas. Para mitigar esses impactos negativos, é essencial adotar políticas públicas eficazes no combate à Dengue para proteger a saúde da população, e a estabilidade econômica do país. Investimentos em prevenção, compra de vacinas, acesso a tratamento médico adequado são medidas urgentes", destaca o economista e professor Sandro Prado.
Os dados levantados pelo estudo traçam ligações entre as arboviroses e a economia, que podem refletir nos custos com saúde, perda de produtividade do trabalho e redução da atividade econômica. Os números são decorrentes dos impactos causados por alterações climáticas e do fenômeno "El Niño", que causa ondas de calor e chuva.
Em Pernambuco, de acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado, com informações até o dia 23 de março, já foram registrados 12.623 casos prováveis de dengue. O número é 522,7% maior do que o registrado no mesmo período em 2023.
Por Thatiany Lucena - Diário de Pernambuco
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