SALGUEIRO- O motorista aposentado Ricardo Felizardo, 55 anos, viaja há cinco anos rumo a Petrolina para fazer tratamento de hemodiálise. São três viagens durante a semana, 500 quilômetros de ida e volta cada uma. Mais jovem, Marcondes Rodrigues, 32, é outro que nesses dias acorda às 6h para pegar a Topic com o mesmo destino.
Pelos menos 12 companheiros de viagem não veem a hora dessa desgastante sina chegar ao fim com a inauguração do Centro de Hemodiálise Dr. Orlando Parahym, que vai funcionar no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), em Salgueiro, no Sertão Central.
A previsão é que a unidade – construída numa parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura do Salgueiro, que doou o terreno – seja inaugurada este mês. Com capacidade para atender 120 pacientes por dia, vai receber também doentes renais crônicos de mais dez cidades do Sertão, incluindo as regiões do Araripe e São Francisco.
Segundo a coordenadora administrativa dos serviços de transplante e hemodiálise do Imip, Nívea Boeckmann, a unidade terá duas salas de diálise básica, uma de diálise peritoneal, urgência, consultório e área administrativa.
A coordenadora diz que a implantação do serviço representa uma conquista importante para os pacientes renais crônicos, pois além de proporcionar um tratamento mais humanizado durante as sessões, vai evitar o desgastes das longas viagens para outras localidades que oferecem o serviço como Petrolina, Juazeiro(BA) e Barbalha (CE).
“A unidade será modelo e referência regional, com equipamentos de última geração. Futuramente, poderá oferecer serviços de diálise peritoneal, além de deixar os pacientes prontos para a lista de transplante do Estado”, destaca.
Os profissionais que vão atuar no centro já foram capacitados no Imip do Recife para trabalhar nos diversos serviços da primeira unidade da região. Com a política de interiorização do instituto, um dos objetivos é utilizar a mão-de-obra local. Para o prefeito de Salgueiro, Marcones Sá, que também é médico, a chegada do centro representa um grande salto na medicina local, reforçando o propósito do município se tornar o polo médico da região.
Os pacientes que há anos enfrentam as estradas para fazer as sessões em Petrolina contam as horas para que o centro possa recebê-los, com a perspectiva de uma nova vida no tratamento. “É possível que agora eu possa retomar os estudos que não consegui continuar por conta da rotina”, comenta Marcondes Rodrigues que faz o tratamento desde 99. Já Ricardo Felizardo, aposta que pode voltar a fazer uns trabalhos em sua terra natal.
Emanuel Andrade
Especial para o JC
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