Março. O mês em que o jogo do Brasil na Arena de Pernambuco foi suspenso. As competições esportivas foram paralisadas. Tudo isso em 2020, por conta da pandemia da Covid-19. Corta para 2021. No mesmo mês, o País pode ter um déjà-vu dos mais preocupantes. O número de infectados e mortos voltou a crescer. O Ministério Público vai recomendar à CBF a suspensão de todas as partidas de futebol, informou o presidente da Comissão Nacional de Combate e Prevenção à Violência nos Estádios, o procurador Valberto Lira. Com tudo isso, ter o mesmo desfecho do ano anterior é um cenário real.
Primeiro impacto: o jogo entre Brasil e Argentina, marcado para o dia 30 de março, na Arena de Pernambuco, pelas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2022, no Catar, pode ser adiado. "Toda sexta-feira é feita uma reunião na Conmebol. Até hoje, o jogo está mantido, mas os relatórios epidemiológicos mudam a cada semana”, afirmou o presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho. Certo mesmo é que a presença parcial de público, um desejo do mandatário, está descartada.
"Tenho relação próxima com uma empresa da França e outra da Bélgica que trabalham nesse projeto (garantir público nos eventos). Elas cuidaram da NBA e do circuito artístico de algumas capitais da Europa. Teríamos os torcedores entrando com acesso por QR code e biometria. Mas como outros países não poderiam ter a mesma tecnologia, nós não temos como adotar isso no momento. A Conmebol não deixa ter torcida em uma partida e não ter em outra", explicou.
Recentemente, o técnico Lisca, do América/MG, desabafou sobre a disputa da Copa do Brasil em meio à pandemia. “É quase inacreditável que saiu uma tabela com jogos dia 10, 17. Vamos levar uma delegação de 30 jogadores de um lado para outro. Nosso País parou, gente. Não tem lugar nos hospitais. Eu estou perdendo amigos. É hora de segurar a vida”, afirmou. O presidente do Santos, Andrés Ruedas, segue na mesma linha. "Seria mais prudente, embora doa na carne, ter a paralisação", frisou.
Mas há quem discorde. "Eu adoro Lisca, cada um tem sua opinião, mas eu queria deixar claro que o futebol é o local mais seguro. Estamos fazendo um favor para o povo. Quando jogamos, é um motivo para o torcedor ficar em casa. Mas não pode parar tudo no Brasil. Daqui a pouco a pessoa não sai de casa, mas está morrendo de fome", disse Renato Gaúcho, técnico do Grêmio.
"Não adianta Lisca dizer que tem gente morrendo, que está preocupado, que perdeu alguns companheiros, sendo que há pouco tempo não se importou muito em comemorar a classificação nos braços da torcida", reclamou o presidente da ABTF (Associação Brasileira de Treinadores de Futebol), Fernando Luiz Pires, referindo-se à conquista de uma vaga pelos mineiros nas semifinais da Copa do Brasil, em novembro do ano passado.
O Campeonato Catarinense suspendeu as próximas rodadas e deve definir nesta sexta (5) o futuro da competição. O Cearense está paralisado, mas jogos da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil podem acontecer no local. Em Pernambuco, não há posicionamento oficial sobre o assunto, mas a suspensão do Estadual não está descartada.
“Conversei com Evandro sobre esse assunto. Ele disse que se a situação piorar, o campeonato pode parar. Acontecendo isso, o Náutico não vai se opor. A saúde está em primeiro lugar”, afirmou o presidente do Timbu, Edno Melo. "O Brasil está batendo recordes negativos e acho que a prioridade deve ser sempre a vida da população. Essa questão da saúde é fundamental. O futebol não pode ser colocado sobre nenhum interesse particular, independente do clube. Não sou, nem serei contrário a qualquer medida embasada pela ciência, como tem sido as medidas tomadas pelo Estado para preservar a vida", disse mandatário do Sport, Carlos Frederico.
A reportagem tentou contato com o presidente do Santa Cruz, Joaquim Bezerra, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.
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Por Willian Tavares/ Folha de Pernambuco
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