Contrariando as expectativas, o resultado da eleição para prefeito do Recife foi muito menos acirrado do que se esperava. A vitória de João Campos (PSB) teve uma diferença de mais de quase 13 pontos percentuais. O candidato do PSB alcançou 56,27% dos votos e venceu em todas as zonas eleitorais da capital pernambucana, enquanto Marília Arraes (PT) teve 43,73%.
Durante todo o segundo turno, o tom das pesquisas foi de equilíbrio. Na primeira semana de campanha, Marília Arraes aparecia em primeiro. Na semana seguinte, João encostou e chegou a estar na frente em um dos levantamentos. Duas pesquisas divulgadas na véspera do pleito apontavam empate entre os candidatos.
Para o cientista político Thales Castro, o antipetismo foi um fator preponderante para o resultado. "O voto da direita migrou para João. Na última semana apareceram vídeos da ala conservadora dando apoio a ele, houve o áudio atribuído à Túlio Gadêlha, a polêmica em relação à bíblia... Isso alimentou o antipetismo, que se traduziu dessa maneira avassaladora. O antipetismo continua forte", explica ele.
Thales também acredita que os institutos devem repensar a forma como são feitas as pesquisas. "A metodologia aplicada não aplica a realidade dos fatos. Foi uma distância absurda. O recorte precisa ser melhor feito, é um trabalho para repensar como as pesquisas possam trazer uma radiografia mais digna", afirma.
É importante destacar como as pesquisas são realizadas. Naturalmente, os institutos não procuram toda a população de uma cidade. Eles entrevistam um número determinado de eleitores (no caso do Recife, pouco mais de 1 mil) que devem representar a diversidade do eleitorado.
Critérios como sexo, idade, região onde mora e classe socioeconômica são levados em consideração na escolha da amostra. Por não ouvirem toda a população local (no Recife são quase 1,7 milhão de habitantes, segundo dados do IBGE), as pesquisas não possuem 100% de acerto. Normalmente, o grau de confiança é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem a realidade, considerando a margem de erro.
Apesar dos erros, Thales não pensa que a diferença entre as pesquisas e o resultado final possam alimentar uma narrativa de fraude nas próximas eleições, como ocorreu nos Estados Unidos. “No Brasil, o processo é bem distinto. A narrativa de fraude não funciona. É tudo muito transparente, apesar dos problemas no primeiro turno", finaliza.
Por Henrique Souza/ Diário de Pernambuco
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