O Brasil aproveitou o retorno ao Mineirão para pagar uma dívida e exorcizar um fantasma que tanto incomodava os jogadores, desde a humilhante goleada sofrida para a Alemanha, por 7 a 1, nas semifinais da Copa de 2014. E a redenção veio em grande estilo. Quem pagou o pato foi a Argentina, que levou 3 a 0 da Seleção Brasileira, gols de Philippe Coutinho, Neymar e Paulinho, em noite de quinta-feira com muita festa na Pampulha. O resultado deixou a equipe verde-amarela ainda mais perto da classificação ao Mundial de 2018, na Rússia. E complicou a situação dos hermanos nas Eliminatórias Sul-Americanas.
O técnico Tite, ovacionado pela torcida no Mineirão, manteve os 100% de aproveitamento desde que assumiu a Seleção – cinco vitórias em igual número de partidas. A sequência positiva tirou o Brasil de um perigoso sexto lugar para a liderança, agora com 24 pontos. Já a Argentina, que teve a volta de Messi, sem brilho, parou nos 16 e completou o quarto compromisso sem triunfo nas Eliminatórias – perdeu duas e empatou uma. Edgardo Bauza, o comandante dos hermanos, já vive situação de risco diante da pressão.
Se em 8 de julho de 2014, os torcedores deixaram o Mineirão em clima de desolação, desta vez predominou o ambiente festivo. Os mais de 53 mil presentes incentivaram Neymar e cia desde o começo, pressionaram o adversário e foram à loucura com os gols e mais uma atuação consistente da equipe comandada por Tite, fora de campo, e Neymar, dentro das quatro linhas. O atacante, um dos destaques, alcançou a marca de 50 gols com a camisa verde-amarela. A Seleção se redimiu da melhor forma no Gigante da Pampulha: jogo eficiente e goleada. E ainda teve direito a 'olé' diante de um de seus principais rivais. O Brasil volta a campo na madrugada de quarta-feira (00h15), para enfrentar o Peru, em Lima. Já a Argentina tenta se recuperar da derrota recebendo a Colômbia, na terça-feira, às 21h30.
O jogo
O ambiente era propício para uma festa brasileira, que significaria a redenção da Seleção diante do público mineiro. Mineirão tomado pelas cores verde-amarela, enquanto alguns poucos hermanos se aventuraram a ir à Pampulha. Mas a Argentina veio disposta a estragar os planos de Tite e cia. Com um time organizado, dificultou as ações da equipe canarinho no começo. Messi, como sempre, era o 'motor de arranque' dos gringos, com Zabaleta aparecendo sempre pela direita, criando problemas para o lado esquerdo de Marcelo. O Brasil não teve muitos espaços, tanto que só chutou a gol pela primeira vez com Renato Augusto, aos 21min.
Neymar estava sempre cercado por dois ou três adversários e procurava as jogadas pela esquerda. Mas não encontrava sintonia com Gabriel Jesus e Philippe Coutinho. A Argentina mostrava consistência na marcação e começou a chegar com perigo na frente. Messi fez boa jogada pela direita e tocou a Lucas Biglia, que soltou a bomba e obrigou Alisson a grande defesa. O troco brasileiro, no entanto, veio em grande estilo. Philippe Coutinho recebeu pelo meio, progrediu e chutou forte, acertando o ângulo de Romero. Golaço e vibração no Mineirão, aos 24: 1 a 0.
Em meio aos gritos de 'O campeão voltou', o Brasil ficou com o jogo sob controle. A Argentina, por sua vez, sentiu o golpe, mas ainda insistiu na reação e levou perigo em uma penetração de Emanuel Mas, pela esquerda. Mas aí apareceu a estrela. Neymar, que acertara a trave de Romero em contra-ataque momentos antes, teve nova oportunidade e não desperdiçou. Ele recebeu de Gabriel Jesus, invadiu a área e, com tranquilidade, tocou fora do alcance de Romero. O Mineirão explodiu novamente, aos 45: 2 a 0. Fim de primeiro tempo como a torcida mineira esperava: empolgação de sobra para embalar ainda mais os shows nos camarotes.
Festa com 'olé'
O Brasil não deixou a Argentina esboçar uma reação na etapa final. O time verde-amarelo manteve a seriedade e buscou logo liquidar a partida, o que quase ocorreu em lance de Neymar, que cruzou rasteiro e Gabriel Jesus concluiu para fora. Em seguida, Paulinho costurou pelo meio, pegou a sobra de bola e tirou de Romero, mas Zabaleta acompanhou o lance e salvou os hermanos. Aos 13, não teve jeito. A vitória se transformou em goleada. Renato Augusto se esforçou para cruzar e Paulinho surgiu como raio para emendar rumo às redes: 3 a 0.
O Mineirão teve uma noite em que o pesadelo foi deixado de lado e o sonho da redenção virou realidade. A torcida cantava insistentemente: 'O campeão voltou'. Demonstrando que o orgulho de torcer pela Seleção voltou. E com direito a 'olé' diante do maior rival continental. Adeus, Mineiraço! O Brasil, mesmo com 3 a 0 e ampla vantagem, tinha sede de mais gols. Os jogadores, principalmente os sete remanescentes do grupo que disputou a última Copa do Mundo, queriam mais. Mas a Argentina impediu um revés ainda pior e deixou o campo quase sem ser notada. Messi e cia foram ofuscados – ou devidamente 'engolidos' - por uma força verde-amarela. Dentro e fora de campo.
Brasil 3 x 0 Argentina
Brasil
Alisson; Daniel Alves, Miranda (Thiago Silva), Marquinhos e Marcelo; Fernandinho, Paulinho, Renato Augusto e Philippe Coutinho (Douglas Costa); Neymar e Gabriel Jesus (Roberto Firmino)
Técnico: Tite
Argentina
Romero; Zabaleta, Otamendi, Funes Mori e Emmanuel Mas; Pérez (Aguero), Mascherano, Lucas Biglia; Di María (Angel Correa), Messi e Higuaín
Técnico: Edgardo Bauza
Motivo: 11ª rodada das Eliminatórias Sul-Americanas
Local: Estádio Mineirão, em BH
Data: quinta-feira, 10 de novembro
GOLS: Philippe Coutinho, 24min, Neymar, 45min do 1º T; Paulinho, 13min do 2º T
Público: 53.490
Renda: R$ 12.726,250
Cartões amarelos: Fernandinho, Marcelo, Funes More, Otamendi
Árbitro: Julio Bascuñan (CHI)
Auxiliares: Christian Schiemann (CHI) e Marcelo Barraza (CHI)
Do Diário de Pernambuco
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