O Ministério da Saúde lançou ontem quarta-feira (8) um conjunto de recomendações que devem ser seguidas pelos profissionais de saúde e maternidades para atendimento do parto normal.
As medidas, chamadas de diretrizes de assistência ao parto normal, incluem ações que devem ser seguidas pelas maternidades para estímulo do parto humanizado.
Entre as recomendações, estão o uso de métodos para alívio da dor, como banhos quentes e massagem, a presença de doulas e acompanhantes durante o parto, o direito ao uso de anestesia, a não obrigatoriedade de jejum e a liberdade da gestante escolher a posição que achar mais confortável durante o parto.
O documento também reforça o direito de que as mães tenham contato pele a pele imediato com o bebê após o parto e orienta as maternidades a evitarem separar mãe e filho na primeira hora após o nascimento. Procedimentos de rotina, como pesagem, medições e banho são recomendados após esse período.
As diretrizes incluem ainda recomendações para reduzir o uso de procedimentos desnecessários durante o parto, como episiotomia (corte no períneo) e uso de ocitocina, hormônio que facilita a saída do bebê. A ideia é que essas práticas sejam realizadas apenas quando necessário, conforme a avaliação da equipe médica e gestante.
Manobras agressivas, como a manobra de Kristeller, em que o profissional empurra a barriga da mãe para tentar forçar a saída do bebê, passam a ser contraindicadas. O documento estabelece ainda que as mulheres sejam informadas de todos os riscos e benefícios durante o atendimento e participem de todas as decisões sobre o parto.
Além do médico obstetra, o documento permite que o procedimento seja realizado também por enfermeiras obstétricas ou obstetrizes em casos de baixo risco, prática já adotada em centros de parto normal.
Elaboradas desde o início do ano passado, as diretrizes para melhorar o atendimento durante o parto representam uma nova ofensiva do Ministério da Saúde para tentar diminuir o alto número de cesarianas no país - que corresponderam a cerca de 55,5% dos partos realizados em 2015.
Outras ações semelhantes também já foram anunciadas pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e CFM (Conselho Federal de Medicina).
Apesar dos números elevados, os dados indicam uma primeira tendência de queda e estabilização dessa taxa, que até então vinha crescendo no país. Em 2014, a taxa era de 54%.
Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, a pasta deve investir em treinamento dos profissionais de saúde para que as diretrizes sejam adotadas pelas unidades de saúde. "Qualquer procedimento fora do nosso protocolo será averiguado", afirmou.
DIU de cobre
O ministério também anunciou nesta quarta-feira a ampliação do acesso ao DIU de cobre, um dos métodos contraceptivos já disponíveis no SUS, nas maternidades e hospitais do país.
Hoje, esse método, que dura até dez anos e é reversível, está disponível nas unidades básicas de saúde. Agora, a ideia é ofertá-lo também para mulheres atendidas nos hospitais após o parto ou em casos de abortamento.
Segundo Maria Esther Vilela, coordenadora da área no Ministério da Saúde, o objetivo é aumentar a adesão das mulheres ao método, considerado ainda pouco difundido no Brasil. Em 2006, 1,9% das mulheres em idade fértil no Brasil usavam o DIU. A meta da pasta é aumentar esse índice para 10% até 2020.
Maternidades terão até 180 dias para se adaptar às medidas.
Da Agência Brasil via Folha de Pernambuco
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