A Organização das Nações Unidas alertou que as atuais políticas internacionais conduzem o planeta para um aquecimento de 2,8°C até ao fim do século. "Um resultado que lamentavelmente não está à altura. "Dirigimo-nos para uma catástrofe mundial", avisou o Secretário-geral da ONU, António Guterres, após a conclusão do relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA).
O documento da PNUA afirma que atualmente a Terra já se encontra 1,1°C mais quente do que na época pré-industrial. E que mesmo se forem adotados os compromissos assumidos na última conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP26), onde foi criado o mercado global de carbono no ano passado na Escócia, a projeção apenas reduzirá de 2,4 a 2,6°C até 2100. No entanto, o Secretário-geral ainda acrescentou que as metas de neutralidade de carbono não valem nada sem ações para honrá-los e apelou aos Governos, em especial ao G20, para fechar a lacuna entre esses compromissos.
Guterres ressaltou também que é imprescindível respeitar o Acordo de Paris, tratado mundial assinado por 175 países, em 2015, a respeito das alterações climáticas e que objetiva a diminuição da emissão de gases do efeito estufa assim como estabeleceu limitar o aquecimento global de 1,5ºC a 2°C acima dos níveis pré-industriais. “Mas é necessário investir intensamente nas energias renováveis e criar um pacto histórico entre as economias desenvolvidas e emergentes para impulsionar uma transição energética justa. Além do mais, o mundo não pode dar-se ao luxo de greenwashing", disse o Secretário-geral, usando a expressão que significa a apropriação ilegítima de conceitos ambientalistas por parte de pessoas ou instituições por meio de técnicas de marketing e relações públicas.
Segundo Guterres, milhares de empresas anunciaram metas de neutralidade carbônica, no entanto muitas são suspeitas ou acusadas abertamente de não cumprirem o seu compromisso em ações ou investimentos, o que é favorecido pela ausência de uma estrutura internacional comum para avaliar e supervisionar os compromissos de redução de emissões.
No início de novembro, no Egito, acontece a próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), que irá reunir os líderes de praticamente todas as nações do mundo, além de representantes nacionais dos ministérios de clima, meio ambiente e sustentabilidade. O evento se propõe a revisar as comunicações nacionais e os inventários de emissões apresentados por todos os países membros e, com base nessas informações, avaliar os progressos feitos e as medidas a serem tomadas.
Hoje a Agência Internacional de Energia (AIE) também divulgou seu relatório anual, no qual destaca a premência de investimento maciço em energia limpa, verde ou simplesmente descarbonizada, como a energia nuclear, e de estimular o uso de baterias elétricas (para automóveis), fotovoltaicas, e eletrolisadores, que irão produzir hidrogênio para descarbonizar a indústria em particular. "São necessários grandes esforços globais para preencher o fosso preocupante no investimento em energia limpa entre economias avançadas e emergentes e em desenvolvimento", disse a AIE. Por outro lado, a AIE argumentou que, paradoxalmente, a invasão da Ucrânia pela Rússia pode trazer um efeito positivo para o clima no sentido de acelerar a transição energética devido ao aumento no investimento em energia sustentável.
Fonte - Diário de Pernambuco
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