Quem cuida de cão ou gato em casa sabe bem o quanto é difícil, e dispendioso, manter seu animal de estimação longe de uma das pragas mais comuns nos bichinhos: os carrapatos. Esta luta torna-se mais árdua durante o verão, uma vez que os parasitas se reproduzem muito em ambientes quentes. Além de gerarem grande desconforto, causando muita coceira, esses parasitas podem transmitir doenças letais aos animais e aos humanos. As principais são febre maculosa (em humanos), a erliquiose canina e a babesiose.
Esses males, com índices de infestação cada vez maiores no País, podem debilitar o animal, causando anemia grave, dificuldade de locomoção, febre, perda do apetite, sangramento e prostração. Nenhum deles conta com vacinas para previnir a infecção. Em casos mais graves, inclusive, o animal pode morrer por causa dos danos desencadeados no organismo.
Babesiose canina -
Causada por um protozoário (Babesia canis), a doença é capaz de causar a infecção dos glóbulos vermelhos dos cães, destruindo-os e levando a uma anemia grave. Os sintomas são perda de apetite, apatia, febre, anemia (mucosas pálidas), icterícia e diarréia.
Erliquiose canina -
Muito comum esse mal é causado por uma riquétsia (Erlichia canis), que parasita os glóbulos brancos do sangue, levando à sua destruição. Por essa característica é uma doença de difícil diagnóstico e tratamento. Seus sintomas são febre, perda de apetite e peso, manchas na pele (hemorragias), fraqueza muscular e em estados avançados, sangramentos nasais e vômitos.
Doença de Lyme (Borreliose) -
Com maior prevalência na Europa e nos EUA, essa doença é causada por uma bactéria (Borrelia), transmitida pelo carrapato Ixodes aos humanos (zoonose). Leva à lesões avermelhadas na pele e problemas articulares. No Brasil foram encontrados focos em São Paulo, Santa Catarina e no Rio Grande do Norte.
Febre Maculosa -
Doença aguda, acontece quando um humano é picado por um carrapato infectado, geralmente do tipo estrela - comuns no Brasil. Vários animais domésticos e silvestres são reservatórios da doença, porém raríssimos carrapatos estão infectados e poderão transmitir a doença, sendo sua ocorrência esporádica. No homem, causa febre alta, rigidez, respiração difícil, vômito, diarreia. Esses sinais aparecem de 2 a 14 dias após a picada. Para que se fique infectado, o carrapato precisa sugar no mínimo quatro horas. Antibióticos como doxiciclina revertem os sintomas em um ou dois dias desde que a doença seja tratada logo no começo. A doença é muito grave, levando muitas vezes à hospitalização e causando sequelas e até morte. No Brasil, é mais notada em SP, RJ, MG, ES, BA e PE.
Esse foi o caso do cão Bolinha, que há dois anos morreu após ser diagnosticado com babésia. "Meu cachorro era um Shitzu, tinha sete anos e nós chegamos a cuidar dele por um mês, mas ele acabou morrendo no meu colo numa das vezes que tive que socorrê-lo", relembrou o dono do cãozinho, José Neves Junior, funcionário da Prefeitura de Olinda. Por causa da doença transmitida pelo carrapato, o animal desenvolveu hepatite, aneurisma no baço e disfunção renal. "O cachorro não precisa estar infestado para pegar a doença. Bolinha, por exemplo, era muito raro aparecer com carrapato, mas quando passeamos com ele na rua, acabamos expondo aos parasitas", ressaltou o dono do Shitzu.
Já a webcelebridade Oliver, cãozinho da raça West highland white terrier, teve um pouco mais de "sorte". Segundo seu tutor, o professor Mozart Borba, o canino foi diagnosticado duas vezes com doenças diferentes que podem ser transmitidas pelo carrapato, em ambas as ocasiões o bichinho foi curado com o uso de antibióticos. " A primeira vez foi logo quando eu peguei ele (filhote). Acredita-se que ele pode ter sido infectado ainda na placenta da mãe. A segunda foi na época da Copa 2014, quando descobrimos erliquiose", explicou o professor que ainda alerta: "Recife está empestado de carrapatos. Vivemos numa cidade que é quente e úmida, ambiente perfeito para esse parasita se proliferar".
Hoje, o cãozinho Oliver está doente e muito debilitado. "Pensamos que ele tinha pego uma terceira vez a febre do carrapato, mas os exames mostraram que na verdade é uma doença degenerativa", lamentou Mozart Borba, que disse ainda ter ficado neurótico no combate aos parasitas que infectaram seu amigo de quatro patas por duas vezes: "A gente aqui em casa usava todo tipo de remédio pra evitar que ele pegasse carrapato. Também tinha o ambiente dedetizado por um funcionário do pet shop."
Pequenos aracnídeos parasitas que necessitam de sangue para sobreviver e reproduzir, os carrapatos são tão antigos que registros fósseis sugerem sua existência há pelo menos 90 milhões de anos. Existem mais de 800 tipos de carrapatos no mundo. "Não são todos os carrapatos que transmitem doença. É como a dengue que nem todo mosquito está infectado. Mas quando um parasita doente pica o cão ou gato, o animal acaba doente", explicou o veterinário Nelson Batista.
No caso dos animais, antibióticos revertem os sintomas em um ou dois dias, desde que a doença seja tratada logo no começo. No entanto, o veterinário alerta para a importância de deixar o espaço onde o cão convive longe dos carrapatos. "Os parasitas que aparecem nos cães são 5% do total que está no ambiente. É por isso que muitas vezes o dono cata os bichinhos e pouco tempo depois o cachorro [ou gato] aparece cheio de carrapato de novo. É preciso usar coleiras especiais nos animais e carrapaticidas no quintal, por exemplo", analisou o especialista.
Para as situações em que o carrapato infectado pica o humano, o infectologista José Tenório afirma que é preciso estar atento aos sintomas, pois qualquer demora para iniciar o tratamento pode significar sequelas no sistema nervoso, rins e pulmões. "O perigo é que, como qualquer quadro infeccioso, pode ser confundido com outra doença, demorar no diagnóstico e causar problemas mais sérios", avaliou o médico.
PRECAUÇÕES - O tutor do animal teve tomar algumas precauções enquanto estiver combatendo os parasitas que enfestarem os animais de estimação:
1) Ao retirar o carrapato manualmente, não use os dedos e sim uma pinça com pontas cegas ou uma pinça hemostática;
2) Coloque luvas médicas descartáveis e mantenha cuidado para não esmagar o carrapato na hora da remoção;
3) Quase sempre o carrapato sairá com um pedacinho minúsculo de pele do animal. Não se preocupe se a cabeça se soltar e ficar enfiada na pele – isso quase nunca acontece, mas, se acontecer, não deverá causar problemas para a maioria dos animais. Ou o corpo do animal absorverá ou o expelirá em alguns dias.
Do Ne10
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