domingo, 17 de outubro de 2010

RETA FINAL - PESQUISAS ACIRRAM SEGUNDO TURNO


Pesquisas eleitorais costumam gerar duas reações bastante conhecidas do eleitor: quem está perdendo, ataca. E cabe a quem lidera guardar bem seu terreno. As pesquisas são as grandes responsáveis por esquentar – e muito – a temperatura deste segundo turno das eleições presidenciais, que em nada lembra a fria primeira fase da disputa. Do reinício oficial da campanha, no dia 7 passado, ao menos quatro institutos de pesquisa atestaram a forte aproximação entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), estabelecendo um clima de guerra entre as militâncias que, enfim, começam a ganhar as ruas, ainda que com pouco material de campanha.

A última pesquisa do Datafolha, divulgada na sexta-feira, mostrou Dilma com 47% e Serra com 41%, confirmando a diferença apontada na véspera pelo Ibope, de seis pontos percentuais entre os candidatos. Um dias antes, o Instituto Sensus anunciou 46% para a petista e 42% do tucano, sinalizando para um empate técnico baseado na margem de erro de 2,2 pontos para mais ou para menos.

O gongo, porém, já tinha soado desde o momento em que se constatou a realização do segundo turno. Antes mesmo da divulgação das pesquisas, os primeiros programas do guia eleitoral de rádio e televisão indicavam uma mudança radical de comportamento de ambos os lados. Acabou a cordialidade e a ordem era sair da defensiva para o ataque. A diferença ficou apenas por conta dos estilos de cada um. Enquanto Serra abusa da ironia nas referências negativas a Dilma, a petista prefere as comparações entre seu palanque e o do tucano.

A disposição dos candidatos para a briga ficou clara no debate ocorrido domingo passado pela TV Bandeirantes. Foi um confronto tenso, marcado por ataques pessoais e poucas novidades em termos de propostas. Levando consideração o clima desta primeira semana da nova disputa, o que deve mesmo predominar é a lei da força.

“Infelizmente, a tese de que o segundo turno serve para o eleitor aprofundar o conhecimento nas propostas dos candidatos é uma ilusão. O que vemos é a repetição dos temas polêmicos do primeiro turno, como aborto, religião, união entre pessoas do mesmo sexo, acrescida de ataques pessoais”, afirma o cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco. Segundo ele, o clima de acirramento da atual campanha só pode ser comparado ao do segundo turno da disputa entre Fernando Collor e Lula, em 1989.

Nas eleições seguintes, lembra ele, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) venceu duas vezes no primeiro turno (1994 e 1998) e Lula (PT) venceu duas no segundo turno (2002 e 2006), mas a larga vantagem nas pesquisas tornou pacíficos todos esses confrontos. “Essa aproximação com Dilma animou o PSDB a ir para o tudo ou nada. E o PT, sem conseguir se defender, reage no mesmo nível”, completa Velho Barreto.

Sérgio Montenegro Filho
Do Jornal do Commercio

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