Um passageiro morreu e dezenas ficaram feridos, nesta terça-feira, após um voo da Singapore Airlines enfrentar um episódio de turbulência severa. O Boeing 777 vinha de Londres, e o incidente ocorreu faltando cerca de uma e meia para o pouso em Cingapura. Pesquisas publicadas por cientistas revelam que as turbulências estão ficando mais frequentes e intensas.
Para começar, é importante destacar que os aviões são projetados para resistir a condições adversas e é raro que as aeronaves sofram danos estruturais devido à turbulência. O fenômeno se caracteriza pelo movimento instável do ar causado por mudanças na velocidade e direção do vento, como correntes de jato, tempestades e frentes frias ou quentes. Esse movimento instável não está apenas associado ao clima ruim, mas também pode ocorrer quando o céu parece calmo — e pode ser invisível tanto para o olho quanto para o radar meteorológico.
Nesse cenário, as pesquisas apontam que a intensificação desse fenômeno é desencadeada pelas mudanças climáticas, especificamente pelas emissões elevadas de dióxido de carbono que afetam as correntes de ar. Paul Williams, professor de ciência atmosférica na Universidade de Reading, na Inglaterra, estuda a turbulência há mais de uma década.
Em sua pesquisa, Williams descobriu que a turbulência de céu claro, que ocorre com mais frequência em grandes altitudes e no inverno, pode triplicar até o final do século. Ele disse que esse tipo de turbulência está aumentando em todo o mundo em todas as altitudes de voo.
Sua pesquisa sugere que podemos encontrar voos mais irregulares nos próximos anos, o que pode resultar em mais ferimentos entre passageiros e tripulantes.
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Como a turbulência é monitorada e medida?
Os meteorologistas contam com uma variedade de diferentes algoritmos, satélites e sistemas de radar para produzir previsões de aviação detalhadas para condições como ar frio, velocidade do vento, tempestades e turbulência. Eles sinalizam onde e quando a turbulência pode acontecer. Jennifer Stroozas, meteorologista do Serviço Nacional de Meteorologia, disse que a turbulência é “definitivamente uma das coisas mais difíceis de prever”.
Usando essas previsões, além da orientação dos controladores de tráfego aéreo, os pilotos tentam contornar áreas turbulentas ajustando sua altitude para encontrar a viagem mais "suave". Isso significa voar mais alto ou mais baixo do que a altitude em que os meteorologistas preveem turbulência e potencialmente queimar mais combustível do que o inicialmente previsto — um esforço que pode ser caro.
Robert Sumwalt, ex-presidente do National Transportation Safety Board, que agora dirige um novo centro de segurança da aviação na Embry-Riddle Aeronautical University, enfatizou que era impossível prevenir ou prever todas as turbulências.
— Sempre existe a possibilidade de um vento inesperado . Geralmente não vai te machucar e não vai arrancar as asas do avião — disse Sumwalt.
A turbulência também representa uma ameaça maior para pequenos aviões que são mais suscetíveis a mudanças na velocidade do vento, em vez de aviões comerciais maiores, disse Jennifer, do Serviço Nacional de Meteorologia.
Como posso me manter seguro durante a turbulência?
Assim como aconteceu no voo da Singapore, turbulências podem lançar passageiros e tripulantes, causando ferimentos graves. Vários especialistas enfatizaram que ficar sentado e usar o cinto de segurança o máximo possível durante os voos são as melhores maneiras de reduzir os riscos.
— Se você ficar preso com o cinto, é muito menos provável que sofra uma lesão — disse Thomas Guinn, professor de ciências aplicadas da aviação na Embry-Riddle Aeronautical University.
Em uma turbulência severa, o movimento vertical do avião excede a atração da gravidade, disse Williams.
— O que isso significa é que, se você não estiver com o cinto de segurança, por definição, você se tornará um projétil, uma catapulta, você se levantará do assento — completou o especialista.
Fatalidades são raras
Fatalidades causadas por turbulência, embora extremamente incomuns, acontecem. A última vez que um passageiro em um voo comercial morreu devido a uma lesão relacionada à turbulência foi em 1997, quando um voo da United Airlines de Tóquio a Honolulu experimentou turbulência severa sobre o Oceano Pacífico, de acordo com uma investigação do NTSB. Esta passageira não usava cinto de segurança e voou de seu assento, possivelmente batendo com a cabeça no porta-malas, de acordo com a investigação.
Fonte - Agência O Globo
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