Diariamente, o designer gráfico Tiago Pereira Wanderley, de 42 anos, sai de sua casa, no bairro de Ouro Preto, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), para cumprir uma missão: a pesca magnética com o objetivo de contribuir para a redução da poluição dos rios.
Ele é o idealizador de um projeto sem fins lucrativos e independente chamado “Recife Magnética Oficial”, que usa a pescaria com um imã de neodímio para recolher objetos descartados de forma irregular. A iniciativa ficou conhecida após Tiago pescar - no dia 25 de setembro, às margens do Rio Capibaribe, na ponte do Parque Santana, na Zona Norte do Recife -,um artefato misterioso que acabou viralizando nas redes sociais.
De início, usuários das redes sociais alertaram para o suposto risco de explosão do artefato. No entanto, essa possibilidade foi descartada pela Polícia Militar de Pernambuco (PM) após uma inspeção feita pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que identificou que se tratava de um morteiro de treinamento, um material industrial utilizado em instruções. Não há pólvora e, por isso, ele não tem poder de fogo.
Tiago Pereira disse que tentou dialogar com a corporação para que o artefato fosse doado como uma espécie de “troféu” pelo trabalho de retirada do objeto do rio, porém, não obteve sucesso.
Além do morteiro, o pescador também já retirou dos rios objetos como: medalhas antigas, moedas, carcaça de revólver, walkie-talkie, retrovisor de moto, motor de geladeira, peças de carro e peças de bicicleta, entre outros objetos descartados irregularmente nos estuários.
“A iniciativa surgiu após eu ver um rapaz dos Estados Unidos fazendo por lá. Ele achava muita coisa, e isso me deu a ideia. Nem existia a venda do imã aqui no Brasil. Meu primeiro veio da China. Passei mais de um ano com ele guardado, até que decidi começar a usar”, diz Tiago Pereira. Ele exibe a atividade em uma página com mais de 5 mil seguidores no Instagram.
Conscientização da população
O designer defende que seu projeto seja integrado a ações do poder público em prol da redução da poluição das águas da cidade.
“Seria ótimo se a população tomasse consciência e não descartasse mais lixo nos rios e praias, além dos canais. Se a pesca magnética iria mudar isso, eu acredito que não. Não tem como reverter porque é uma questão de educação. As pessoas que reclamam são as mesmas que descartam de forma incorreta. Mas se cada um fizer um pouquinho, a gente pode chegar o mais próximo possível da limpeza”, enfatizou Tiago, que faz a pesca em locais como Açude de Apipucos, ponte do Parque Santana, Ponte da Capunga, Jardim do Baobá e Ponte da Torre.
“Eu já achei motor de geladeira, já achei bomba d'água, resto de berço, mochila de escola... Fora restos de construção, vergalhões, pregos e parafusos. Coisas realmente descartadas como lixo dentro do rio. Isso é um absurdo”, acrescentou.
Por Wilson Maranhão
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