O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou na sexta-feira o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível, há cerca de um mês, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação na pré-campanha eleitoral de 2022. Em discurso após receber uma condecoração da prefeitura de Anápolis (GO), Bolsonaro alegou que sua inelegibilidade, com prazo de oito anos, ocorreu "de forma bastante nebulosa".
Declarando-se "perseguido", Bolsonaro também se referiu ao resultado das eleições de 2022, quando foi derrotado pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como "aqueles números do TSE".
"Se eu nada representasse para nossa pátria, depois daqueles números do TSE, não estariam me perseguindo até hoje. Não teriam, de forma bastante nebulosa, me tornado inelegível. Qual foi o crime? Corrupção não foi. Abuso de poder econômico não foi", afirmou.
Bolsonaro foi condenado pelo TSE, por 6 votos a 2, por conta de uma reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em julho do ano passado, na qual fez ataques infundados às urnas eletrônicas. A reunião foi transmitida ao vivo pela TV Brasil, emissora estatal, e pelas redes sociais do então presidente. No julgamento, a maioria dos ministros entendeu que a conduta de Bolsonaro, valendo-se de recursos e bens públicos, buscou levantar dúvidas sobre o sistema de votação com o objetivo de fortalecer o discurso adotado em sua candidatura à reeleição.
O ex-presidente discursou por cerca de 15 minutos, nesta sexta, após ser homenageado em Anápolis com a Comenda Gomes de Souza Ramos. No discurso, ele também afirmou que "poderia ter ficado" em definitivo nos Estados Unidos após perder a eleição de 2022, mas que decidiu retornar ao Brasil para encabeçar a oposição a Lula.
Em uma fala carregada de críticas ao atual presidente, Bolsonaro se vangloriou da expansão do acesso a armas de fogo em seu governo, no mesmo dia em que Lula assinou um novo decreto restringindo a venda de armamentos. O ex-presidente também afirmou ter "deixado" Lula assumir a Presidência, lembrando o fato de ter viajado antes da posse e se recusado a transmitir o cargo.
"Entreguei o Brasil, ou melhor, deixei outro cara assumir, porque jamais passaria a faixa para uma pessoa com o passado dele", afirmou.
Por Edilberto Souza - Folha de Pernambuco
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