Com aumento da informalidade, a taxa de desemprego no país caiu para 8% no trimestre encerrado em junho. O total de brasileiros desocupados recuou para 8,6 milhões, número 8,3% menor que o registrado no trimestre anterior e 14,2% inferior ao do mesmo período de 2022. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi a menor taxa para o período desde 2014.
O número de pessoas ocupadas, por sua vez, foi de 98,9 milhões, aumento de 1,1% na comparação trimestral e de 0,7% na anual. De acordo com a coordenadora da pesquisa, Adriana Beringuy, a queda do desemprego pode ser atribuída ao número de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada, que chegou a 13,1 milhão de pessoas, subindo 2,4% na comparação trimestral.
A quantidade de trabalhadores com carteira assinada no setor ficou estável no trimestre, totalizando 36,8 milhões de pessoas, mas teve aumento de 2,8% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Enquanto isso, a taxa de informalidade foi de 39,2% no segundo trimestre, ante 39,0% no primeiro trimestre, e de 40,0% no mesmo período de 2022. "O tipo de vínculo que se destaca como responsável pelo crescimento da ocupação vem de um dos segmentos da informalidade, que é o emprego sem carteira assinada", explicou a pesquisadora.
O cenário reforça os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado na quinta-feira, que mede o número de trabalhadores formais. O crescimento das vagas com carteira assinada se mostrou menos vigoroso no último mês, e foi 45% mais baixo em comparação com junho do ano passado.
Setor público emprega mais
O contingente de empregados no setor público, que vem de uma sequência de altas, cresceu mais 3,8% frente ao trimestre anterior, chegando a 12,2 milhões de pessoas. Quando comparado ao mesmo trimestre de 2022 a categoria teve alta de 3,1%, um acréscimo de 365 mil pessoas. "Pelo lado da ocupação, destaca-se a expansão de trabalhadores na administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, no trimestre e no ano", destacou Beringuy.
Um dos destaques da Pnad foi a alta de 2,6% no número de trabalhadores domésticos, que ficou em 5,8 milhões. Na categoria dos trabalhadores por conta própria, formada por 25,2 milhões de pessoas, foi registrada estabilidade na comparação com o trimestre anterior. Em relação ao mesmo período do ano passado, o indicador, neste trimestre, apresentou uma redução de 491 mil pessoas.
Desaceleração
Segundo Igor Cadilhac, economista do PicPay, grande parte da estabilização do desemprego em patamar baixo ainda se deve às pessoas consideradas aptas a trabalhar, mas que não estão procurando emprego. "Vale ressaltar que a taxa de participação vem sendo o pilar da análise do mercado de trabalho há um tempo, e essa mudança de tendência na ponta pode indicar uma desaceleração, ainda que não tenha refletido nos números mais recentes", disse.
De modo geral, a leitura qualitativa do indicador é de que o mercado de trabalho segue forte, mas deve perder fôlego. "O arrefecimento da atividade econômica em conjunto com o aumento da taxa de participação corrente, contribuirão para um aumento da taxa de desemprego de forma lenta, ou seja, este ainda resistirá em patamares historicamente baixos por mais um bom tempo. Para 2023, por ora, projetamos uma taxa média de desemprego de 8,4%", avaliou Cadilhac.
Rendimento
O rendimento real habitual dos trabalhadores foi de R$ 2.921 no segundo trimestre, apresentando estabilidade frente ao trimestre anterior e expansão de 6,2% no ano. A massa de rendimento real (R$ 284,1 bilhões) também ficou estável contra o trimestre anterior, mas subiu 7,2% na comparação anual. Entre as atividades que apresentaram aumento estão agricultura, indústria e construção. Também registraram ganhos os rendimentos da administração pública e dos serviços domésticos.
Economista-chefe da Necton, André Perfeito afirmou que, apesar da alta no rendimento médio, a variação na margem está estável, indicando que pressões salariais no curto prazo não serão um problema para a dinâmica dos preços. "Se a taxa de desemprego viesse em queda, mas acompanhada de elevação real dos rendimentos, teríamos um problema de inflação de demanda, mas este não é o caso ainda", avaliou.
Para Alexandre Maluf, economista da XP, o mercado de trabalho brasileiro continuará em desaceleração gradual no segundo semestre de 2023, em linha com o desempenho da atividade doméstica. "A taxa de desemprego deverá terminar 2023 ao redor de 8,5%. Calculamos uma taxa média de desemprego de 8,4% este ano, abaixo dos 9,3% do ano passado, e alta do PIB de 2,2%", projetou o economista.
Por Rafaela Gonçalves - Correio Brasiliense
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