O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso ora emocionado, ora agressivo para militantes na cerimônia em comemoração aos 43 anos do PT. Enquanto tinha a trajetória mostrada em um vídeo, chorou ao dizer que voltou ao poder para governar o país "da forma que precisa ser governado". Ele também atacou adversários.
Segundo o chefe do Executivo, o povo brasileiro, de maneira geral, "ganhou mais" durante os governos Lula I e II. "Um dos melhores momentos da história deste país foi no meu governo, em que banqueiro ganhou, empresário ganhou e trabalhador ganhou", frisou. "E agora dizem que Lula vai voltar? Vai voltar Lula, que dona Lindu pariu, para governar o país da forma que ele tem que ser governado, que sabe que não pode esquecer das origens."
Conforme disse, "esse Lula que veio hoje é o que passou fome e que comeu pão pela primeira vez aos 7 anos de idade. Esse Lula é o que vem a vocês para não deixar que nenhuma criança mais possa morrer de fome neste país", ressaltou.
Aos militantes do partido que encheram um dos auditórios do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, Lula exaltou o PT e afirmou que a construção do Brasil passa pelo partido. Ainda contou ter tido convites ao longo da trajetória política para mudar de legenda, mas preferiu ficar, por ser uma sigla que veio "de baixo para cima".
"Este país só será construído se o PT cumprir sua responsabilidade em razão do seu nascimento. A gente poderia ter entrado em outro partido qualquer, quantas vezes fui convidado, mas não queria entrar porque era preciso entrar em um partido que nascesse de baixo para cima", destacou. "Somos o partido mais importante da América Latina. Não existe no planeta Terra nenhum partido similar ao PT. Mas não para gente ficar de nariz empinado, é para ter humildade."
O chefe do Executivo também fez críticas ao governo Jair Bolsonaro, e desta vez, ainda atacou o governo Michel Temer. "Tudo o que fizemos em 13 anos foi destruído em seis anos (dois anos de Temer mais quatro anos de Bolsonaro)", criticou, antes de chamar Temer de golpista, e Bolsonaro de "capitão genocida", que "haverá de ser julgado".
Durante o discurso, Lula interagiu com os militantes mostrando bom humor. Com 77 anos, pediu uma "rezinha para o Lulinha". O presidente ainda afirmou que precisa durar para ajudar o povo brasileiro.
"Sabe por que eu preciso durar um pouco mais? Porque a vida é o dom mais importante que Deus nos deu. Temos que aproveitar da melhor forma possível. E a melhor maneira possível é a gente ter uma razão para viver", sustentou. "Qual melhor razão para viver do que a gente contribuir para melhorar a vida do povo brasileiro? Qual razão melhor para viver do que a gente garantir para aqueles índios ianomâmis que não morram mais de fome dentro do território nacional."
Antes de Lula, apenas a ex-presidente Dilma Rousseff e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, discursaram. Ambas reforçaram o discurso de "sem anistia" aos extremistas de 8 de janeiro.
Gleisi foi mais incisiva ao atacar o governo anterior por causa dos atos terroristas, bem como as investidas contra o sistema eletrônico de votação.
"A própria realização das eleições foi ameaçada; tentaram desacreditar a urna eletrônica e a Justiça Eleitoral, que cumpriu com seu dever", enfatizou Gleisi. "Reconhecida a vontade das urnas, dentro e fora do país, com o presidente já governando, os derrotados tentaram um golpe de força; uma selvageria contida graças à reação enérgica do presidente Lula e ao repúdio do Legislativo, do Judiciário, da sociedade brasileira e da comunidade internacional", completou.
Dilma, aplaudida de pé, relembrou seu último discurso como presidente, quando disse que o PT voltaria ao poder. Ela afirmou que isso só foi possível pela liderança de Lula, e ironizou Bolsonaro pela saída do país após a derrota nas eleições.
"Saúdo o nosso grande líder. Aquele líder que caminhou de cabeça erguida. Não fugiu, não correu, não se esquivou, não saiu do Brasil. Ficou aqui e enfrentou os 580 dias de prisão injusta", enfatizou. "Muitas pessoas aconselharam o presidente a ir embora do país. Por que voltamos seis anos depois? Porque teve uma liderança que não fugiu da raia", acrescentou a ex-chefe do Executivo.
Por Raphael Felice - Correio Braziliense
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