Atrás de blocos e trios elétricos e em um sol escaldante, muitas pessoas esquecem de um cuidado básico: tomar água. A desidratação, que ocorre de forma mais rápida devido às temperaturas elevadas, pode levar a formação de cálculos urinários, as famosas pedras nos rins. Mesmo que o folião esteja ingerindo bebida alcoólica, é importante que seja alternada com uma grande quantidade de água.
Segundo o urologista Antônio César Cruz, as consequências da falta de ingestão de água não acontecem somente durante o Carnaval, mas também no futuro.
Um outro ponto importante com relação ao cuidado à saúde durante a Festa Momesca é o uso de preservativos que previnem contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como o HIV e a Sífilis. É importante que o folião esteja atento e não deixe de levar para a folia um item tão essencial.
“A gente sabe que o preservativo evita o contágio de muitas Doenças Sexualmente Transmissíveis. Mas não é apenas o uso do preservativo, tem que saber com quem você vai estar, como você vai se comportar numa relação sexual para se proteger. A gente sabe que o uso do preservativo vai proteger contra algumas doenças, mas nem todas elas”, afirmou o urologista.
O médico alerta, também, que a Covid-19 ainda está presente, e no Carnaval pode se proliferar de diversas formas, como o contato através do beijo, que pode transmitir infecções principalmente virais.
Antes mesmo do início do Carnaval, as emergências de saúde do Recife e Região Metropolitana, notificaram casos de pacientes que apresentaram queimadura química ocular provocada pelo uso de pomadas modeladoras, utilizadas na finalização de diversos penteados.
A coordenadora de oftalmologia da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Ibura, Bárbara Freire, alerta para que a população tenha cuidados com os olhos durante os dias de Momo.
Entre as dicas, estão: não utilizar maquiagem fora da validade; não colocar maquiagem com glitter/purpurina na área dos olhos (pode desencadear abrasões ou ceratites); sempre remover as lentes de contato antes de dormir; ter cuidado com o uso de pomadas modeladoras e spray (pode gerar ceratites e abrasões e até um quadro de baixa visual temporária); e ter cuidado nas aglomerações para evitar doenças infectocontagiosas, como a conjuntivite. É necessário sempre lavar as mãos e evitar coçar os olhos.
Para os músculos e ossos, se alongar antes de cair na folia pode ser uma alternativa para evitar lesões já que no Carnaval o esforço é maior. Além disso, é importante que a população vá para as ladeiras de Olinda e para as ruas do Recife Antigo com sapatos apropriados como o tênis. Beber água, ato benéfico para várias situações, também auxilia na lubrificação das articulações.
Segundo o fisioterapeuta e professor de fisioterapia da Estácio Recife, Alexandre Castelo Branco, qualquer alongamento simples, principalmente nas regiões das pernas e das costas, 30 minutos antes de sair de casa para a folia, pode evitar lesões.
“Além do alongamento, o tênis seria o mais indicado para poder acomodar melhor os nossos pés, porque quem paga o preço mais alto são os pés, mesmo que o folião não vá dançar ou frevar tanto, mas vai ficar muito tempo em pé assistindo um show, então o tênis acomoda melhor e também diminui o esforço nos pés”, pontuou.
Além dos exercícios para os músculos, também é importante que o brincante tenha cuidados com a pele e se proteja contra a exposição solar prolongada com o uso de protetores apropriados para o rosto, o corpo e a boca. Porém, não basta passar o protetor somente antes de cair na folia. Ao longo do dia, deve-se reaplicar o produto a cada duas ou três horas. A recomendação é de que, para o Carnaval, o protetor seja de fator 50 para cima.
É importante que os foliões também estejam atentos ao uso de glitter e maquiagens. “Precisamos orientar os pacientes para o uso de maquiagens que tenham a aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e de marcas renomadas. Não recomendo usar qualquer coisa que encontre pelo risco de irritações, dermatites, e alergias. A retirada dessa maquiagem no final do dia também é importantíssima”, afirmou a dermatologista Catarina Carvalho.
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Outra prevenção importante que o folião deve ter é com a saúde auditiva e das cordas vocais. No Carnaval, é comum que as pessoas se comuniquem com um tom de voz mais alto, além disso, o ambiente tende a ter muito barulho. Porém, alguns cuidados devem ser tomados como manter uma certa distância da orquestra ou do trio elétrico, evitar aumentar a voz e sempre hidratar a garganta.
“Sempre é muito importante o folião manter uma certa distância da orquestra ou do próprio trio elétrico que é mais problemático ainda, porque o ouvido da gente pode sofrer com uma coisa chamada trauma acústico”, disse o médico otorrinolaringologista Francisco De Biase.
De acordo com o médico, o primeiro sinal do trauma acústico é, após a exposição ao ruído intenso, a pessoa perceber algum tipo de zumbido no ouvido.
“Esse zumbido no ouvido mostra que aquele impacto levou a algum tipo de trauma, algum tipo de dano na sua orelha interna, isso pode ser mais evidente quando realmente a audição cai. A pessoa além de ter alguma alteração de percepção sonora no ouvido, algum zumbido, a audição realmente cai, então isso é uma forma de trauma acústico”, reiterou Francisco.
Para a voz, a recomendação é não gritar excessivamente e não competir com o som alto. Além disso, hidratar bastante a corda vocal e evitar o choque térmico são precauções essenciais.
Os foliões também precisam estar atentos às roupas que utilizam para cair na folia. Trajes muito apertados e sapatos desconfortáveis podem ocasionar a má circulação sanguínea e, com isso, o surgimento de edemas pelo corpo.
“Quando a gente está na época de Carnaval, por exemplo, as pessoas que não fazem atividade física e nessa época tendem a pular ou então subir e descer ladeira, podem ter alguns malefícios com relação à circulação, principalmente a formação de edemas em membros inferiores. Sem falar também no caso das mulheres que utilizam sapatos inadequados, sapatos com salto, que também dificultam nesse processo de circulação”, explicou Daniele Barbosa, enfermeira e coordenadora do curso de enfermagem da Faculdade Central do Recife.
De acordo com Daniele, as pessoas tendem a utilizar coisas mais apertadas nos membros inferiores, como as pernas e os pés. “Com o esforço físico que é feito durante a folia, pular, ficar muito tempo em pé, pode acarretar a formação de edemas, dores nos membros, até mesmo a formação de varizes que pode ser intensificada durante esse processo. Então as pessoas sentem as pernas às vezes um pouco mais cansadas, doloridas”, reiterou.
Utilizar roupas mais folgadas e sapatos confortáveis são medidas para evitar a má circulação sanguínea. E com relação ao calor, os foliões devem procurar lugares mais arejados e cobertos.
Além disso, o álcool, que é uma bebida estimulante, pode fazer mal se consumida em excesso por pessoas que já tenham problemas no coração ou no sistema vascular.
“O álcool é um estimulante e as pessoas tendem a pular mais, e isso, principalmente para as pessoas que são sedentárias, pode ser um esforço físico que o corpo não está habituado, fazendo alterações na pressão arterial e na frequência cardíaca. Então se a pessoa já é cardiopata, já tem algum problema de hipertensão, então deve estar mais atenta a isso e evitar o consumo exagerado de álcool ou algum tipo de droga, para não acontecer problemas mais graves, até mesmo parada cardíaca”, acrescentou Daniele.
Por Tarsila Castro - Folha de Pernambuco
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